"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
domingo, 23 de outubro de 2016
EDITORIAL in www.publico.pt
EDITORIAL
Um (raro) elogio aos ministros das Finanças. Um alerta aos da Economia
VÍTOR COSTA
23/10/2016 - 02:39
Podíamos ter equilibrado as contas públicas nos anos 1990 com a convergência para o euro e a correspondente descida das taxas de juro. Não o fizemos. Estamos agora a fazê-lo com muito mais sacrifício
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Governo
Orçamento do Estado
Vítor Gaspar
Comissão Europeia
Maria Luís Albuquerque
Editorial
Mário Centeno
A confirmarem-se as previsões da proposta de Orçamento do Estado, Portugal terá, em 2017, em matéria de finanças públicas, o melhor resultado em mais de 40 anos. É verdade que ainda terá um défice orçamental equivalente a 1,6% do produto interno bruto (PIB). É verdade que ainda tem uma gigantesca dívida pública. Mas também é verdade que, sem os encargos com os juros que resultam dessa enorme dívida, terá, pelo terceiro ano consecutivo, um excedente primário de 2,8% do PIB.
É obra. Uma obra cuja responsabilidade se deve, acima de tudo o mais, aos sacrifícios que os contribuintes fizeram e continuam a fazer. Mas também aos três últimos ministros das Finanças: Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque e, agora, Mário Centeno.
Pode parecer pouco, mas não é. Especialmente para quem acredita que o equilíbrio das contas públicas é uma condição necessária, embora não suficiente, para que a economia possa crescer de forma sustentável.
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Se não houver desvarios e tentações eleitoralistas; se a conjuntura internacional o permitir e se o Banco Central Europeu continuar a anestesiar os juros da dívida pública, já não parece uma miragem a ideia de que é possível alcançar contas públicas equilibradas num futuro muito próximo. E, tal acontecendo, dar corpo à célebre frase do então Presidente da República, Jorge Sampaio, de que “há vida para além do défice”.
Estamos no meio da quarta revolução industrial. Mas estamos atrasados. Como diz o líder da Efacec. Falta coordenação e organização, diz o director de Investigação Estratégica do instituto Fraunhofer.
“Perdemos a revolução industrial do vapor; chegámos tarde às revoluções da electricidade e da automação; e agora estamos muito atrasados na revolução digital”, sublinha o líder da Efacec.
Podíamos ter equilibrado as contas públicas nos anos 1990 com a convergência para o euro e a correspondente descida das taxas de juro. Não o fizemos. Estamos agora a fazê-lo com muito mais sacrifício do que seria necessário se o tivéssemos feito no tempo certo.
Agora, precisamos de mais Economia e não a temos tido. Nem hoje, nem antes. É preciso acelerar. Sob o risco de perdermos, novamente, a quarta revolução industrial.
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