"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
terça-feira, 26 de abril de 2016
100 anos sobre a morte do poeta Mário de Sá-Carneiro
Passam, hoje, 100 anos, sobre o dia da morte (suicídio) do poeta Mário de Sá-Carneiro. (19 de Maio de 1890-26 de Abril de 1916)
Nota pessoal:
Se é verdade que o fim do século XIX foi , no mínimo, emocionante e estranho, para grandes vultos da Literatura europeia, não é menos verdade, que os princípios do século XX continuaram a incomodar os artistas e intelectuais de um modo que só pode encontrar paralelo com o Período de mudanças, que foi a transição do século XV para o século XVI; mas só no aspecto das mudanças de vida como consequência, primordialmente, dos efeitos dos descobrimentos portugueses e da ideia de que, afinal, o mundo não era teocêntrico, mas sim, antropocêntrico.
Percorri a Net a pesquisar sobre Mário de Sá- Carneiro.
Nada de especial, para além do que estudei e li sobre as suas vida e obra, vistas,sobretudo, pelos seus poemas.
Para os compreender,é importante e decisivo o enquadramento desta personalidade no tempo em que se desenrola a sua curta vida.
Depois das grandes Exposições de Paris, em 1889 e 1900, o mundo como que se renovou, digamos assim; aparecem novos movimentos artísticos e literários, novas ideias que implicam o correr para novas formas de Arte e de Pensamento, novos e desafiadores modos de pensar e de agir.
Sá-Carneiro vivia em Paris e ia tomando conta , no seu espírito perturbado, de tantas mudanças que começou a tender para o pessimismo, a degradação das ideias, o desespero, a angústia. Valem-lhe as cartas que troca com Fernando Pessoa, entretanto tornado seu amigo. Com ele desabafa; com ele fala de tudo o que o aflige. Pessoa torna-se de tal modo indispensável à sua vida diária que, quando pensa em se suicidar, é a ele que o diz, num simples bilhete escrito no próprio dia do suicídio, por palavras que o amigo só entendeu, depois: "Adeus, meu amigo; para sempre, adeus"
Há espíritos mais frágeis que outros, nos momentos adversos. Esta época foi marcada pelo Ultimatum Inglês a Portugal, a pedir a devolução das terras que ficavam em África, no chamado "Mapa cor-de-rosa". O rei D. Carlos teve medo duma guerra com "os velhos aliados" e cedeu à exigência dos ingleses. O povo não lhe perdoou e assassinou, em Lisboa, quer o Rei, quer o Príncipe Herdeiro.
Aos poucos , caminhava-se, em Portugal , para a Implantação da República, o que aconteceu em 5 de Outubro de 1910.
O espírito de Mário de Sá- Carneiro vivia , nos meios boémios parisienses, todas estas "complicações do século e não se sentia em paz. Por outro lado, começavam a soprar "chamas" de desentendimento entre a Grã- Bretanha e a Alemanha e todos se sentiam perto de um triste desenlace, que se deu quando os ingleses declararam guerra à Alemanha.
Fácil se torna perceber que, quem mais sente, mais sofre.
Foi um grande poeta, Mário de Sá-carneiro; o que teria sido, não se sabe...
Como se pode ver, não é possível escrever mais sobre o Poeta, num pequeno espaço onde apenas quis lembrar os 100 anos da sua morte, com trechos de vários(belos) poemas como QUASE, onde diz que nunca consegue realizar-se, que falta sempre "um pouco mais" para ir ALÉM:
" Um pouco mais de sol-eu era brasa.
Um pouco mais de azul-eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém..."...
A todos nós falta "este sol", "este azul", este golpe de asa"
Maria Elisa Ribeiro
Mealhada, 26 de Abril de 2016
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