A VESTE DOS DIAS
Muitos dias se vestiram de cheiro a terra molhada.
Outros tantos se despiram, de calor, na alvorada.
À janela da vida
inclinados, os poemas absorvem o ouro do corpo das montanhas,
banhado de alvas madrugadas.
Transpiro-os,
por sobre o rumor das vagas deitadas na areia…
No cosmos,
as flores penteiam odores
de alvoradas labirínticas
nos vapores-húmus-da-
terra- semeada.
Ares esbranquiçados de nuvens carregadas, estendem-se
por sobre matas e vales de orgiástica beleza,
encobertos por véus
de algodão branco, em toda a sua pureza.
Passa por mim o ar
do teu vital respirar
a caminho de segredos que não sei adivinhar …
Repousam, serenas , as pedras do areal, vestidas de
tempos-eras a
deslocar conchas,
confundindo búzios do alto –mar…
E vestem-se os dias de flores…
…e cheiram as flores a amores dispersos no teu suave
universo-poema…
O vento é uma epopeia da terra a caminho de
ilhas-de-tantos-rumores
de paz
numa eterna guerra, que ampara lexemas-maiores…
Cilícios de goivos e grinaldas de lírios vestem buganvílias
que se desprendem dos olhos
dos Amores.
Na memória de teu rosto-poema vou pendurando quadros…
…catedrais de sonhos que choram vitrais do silêncio
das noites em que-tu-não-És
e uma ferida solar chora o Tempo-Devagar…
…este Presente do
Passado,
a caminho de um
Futuro de nada-saber
da veste dos dias-em-que-te-não-Fui…
Maria Elisa R.
Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-OUT/012-VDS
Sem comentários:
Enviar um comentário