quarta-feira, 3 de abril de 2013

POEMA: A VESTE DOS DIAS






A VESTE DOS DIAS


Muitos dias se vestiram de cheiro a terra molhada.
Outros tantos se despiram, de calor, na alvorada.

À janela da vida
inclinados, os poemas absorvem o ouro do corpo das montanhas,
                                                           banhado de  alvas madrugadas.

Transpiro-os,
por sobre o rumor das vagas deitadas na areia…
No cosmos,
as flores penteiam odores  de alvoradas labirínticas
                                                            nos vapores-húmus-da- terra- semeada.

Ares esbranquiçados de nuvens carregadas, estendem-se
por sobre matas e vales de orgiástica beleza,
encobertos  por véus de algodão branco, em toda a sua pureza.

                                                           Passa por mim o ar do teu vital respirar
                                                           a caminho de segredos que não sei adivinhar …

Repousam, serenas , as pedras do areal, vestidas de tempos-eras a
deslocar  conchas, confundindo búzios do alto –mar…

E vestem-se os dias de flores…
…e cheiram as flores a amores dispersos no teu suave
universo-poema…

O vento é uma epopeia da terra a caminho de ilhas-de-tantos-rumores
de paz
numa eterna guerra, que ampara lexemas-maiores…

Cilícios de goivos e grinaldas de lírios vestem buganvílias
que se desprendem dos olhos  dos Amores.

Na memória de teu rosto-poema vou pendurando quadros…
…catedrais de sonhos que choram vitrais do silêncio
das noites  em que-tu-não-És
e uma ferida solar chora o Tempo-Devagar…

…este Presente do  Passado,
 a caminho de um Futuro de nada-saber
da veste dos dias-em-que-te-não-Fui…


Maria  Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-OUT/012-VDS

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