“Na Mensagem, o passado histórico transfigura-se em mito ao serviço do futuro.”
Os mitos foram, sem dúvida, o alicerce para a constituição do nosso presente. Na verdade surgiram como uma forma de suprimir o medo subconsciente do ser humano do desconhecido e explicar a origem e a forma das coisas, bem como as suas funções e finalidades. Actualmente, consideramos que a função dos mitos é transmitir valores, força de vontade e, principalmente, exemplos a seguir. O seu objectivo é, nada mais, nada menos, que difundir uma máxima.
Na Mensagem, obra maior de Pessoa, o mito é descrito como o nada que é tudo. Esta frase exprime a ideia que Fernando Pessoa tinha dos mitos. É nada, porque não existe materialmente, e é tudo, porque é Portugal e todo o seu heroísmo nacional. É através deste mito e da crença de muitos outros, que os heróis desta obra tomam as suas atitudes.
Um exemplo pertinente, relacionado com o tema que abordo, é o Sebastianismo, que diz respeito a um mito gerado à volta da figura do rei D. Sebastião, que perdeu a vida numa batalha em Alcácer- Quibir. Na Mensagem, considera-se que a morte do rei foi apenas carnal, pelo que, unicamente o seu regresso conquistaria a grandeza da pátria, bem como o império perdido. Claro está que se trata de um regresso simbólico, imaterial, facto que deu alento aos portugueses para transformarem o nosso país numa pátria espiritual. Tal como nos diz a lenda, D. Sebastião voltará por uma manhã de névoa, manhã, esta, que indica, evidentemente, o renascimento da pátria decadente.
Pretendo terminar esta minha dissertação, sublinhando a importância do mito para o futuro. “O mito torna suportável a insuportável realidade”, dando-nos força para ultrapassar dificuldades e inspirando-nos para nos superarmos a nós próprios. Foi baseando-nos no passado, ou seja, nos mitos, que conquistámos “mares nunca dantes navegados” e terras desconhecidas.
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