MEPEMA
Negra, linda linda…olhos doces de mamão maduro
a cheirar a café
moído…
Seios túrgidos, ancas abundantes como floresta tropical,
davas-me teu braço amigo e um ombro que me abrigava de qualquer perigo.
Minha negra ama, branca na pureza do coração…
… força de árvore do
mato
possante, preso a raízes de séculos vivos telúricos.
Olhar ímpar…
Mãos afagantes…cheiro a mamão e bananas delirantes…
Refúgio de momentos-que-foram-Momento –Vida…
Mepema cantava sons de encantar menino- branco -a -dormir
sob o dolente som do tórrido sol das brisas equatoriais…
…e banhava-se nos areais de búzios inesquecíveis
que o mar abandonava
às imprevisíveis
toadas
de ondas de espumas
coloniais.
A floresta falava linguagens de árvores húmidas…
As cascatas desprendiam-se de furiosas ribas…
Mepema ensinava o segredo dos medos da vida,
escondidos entre velhas ramas de folhas velhas e
traiçoeiras.
Suas negras mãos cansadas colhiam os frutos da mensagem
telúrica
que lhe marcava o sabor da vida…
Jazem memórias no caminho onde ficaram destroços
que a palavra redime,
nesta inocência que registei em papiros
nos esgares das manhãs-percurso-dos-dias-infância.
No peito, tenho pregas do mar, que amaram borboletas serenas
como lembranças de Mepema…
Sei que sua alma cavalga pelo Mistério
que me abraça , ainda, na ternura de seu olhar-refrigério…
Nos retalhos de um místico mapa, há areias de gaivotas
pousadas no fogo da profecia,
que exalavam seus olhos de harmonia
quando afagava meus loiros cabelos,
ora esbranquiçados pela brisa dos tempos
no útero do Passado que é o Presente dessa alegria.
O mar canta areias doiradas nos lírios do peito de Mepema,
na sanzala que foi
jardim de Sonho da Aurora,
da “Roça”-d’Outrora…
Prossigo no caminhar pelas abas do tempo
a procurar palavras
que endireitem
o fio-de-prumo da mensagem daquela alma serena.
Maria Elisa R. Ribeiro
(Marilisa Ribeiro)
CQ16-Jan/013-mqc
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