quarta-feira, 13 de abril de 2011

REFLEXÃO: À ESQUINA DO TEMPO...

foto google




Num poema que publiquei, há dias, intitulado “À esquina de tudo”, encontrei motivo de reflexão, pois que o tema se presta a um posicionamento mental que engloba o TEMPO, como sendo a VIDA que cada um de nós tem. Dei comigo a pensar que, mesmo que nisso não pensemos, o quotidiano decorre com as nossas alegrias e as nossas tristezas, só porque o Tempo está sempre ali… à “esquina”! Faz parte do nosso percurso até que deixemos de existir, tal como ditam os deuses, que tudo sabem de nós e que, logicamente, nada nos dizem…



Só a Natureza, mãe orgulhosa das sombras e dos frutos com que nos presenteia, resiste ao terrível vexame de “acabar”… Rejuvenesce todos os anos, de todos os tempos conhecidos… consegue fugir à malfadada “esquina”; para ela, não há fim a que não se siga outro memorável princípio! Das doutrinas, filosóficas e teológicas dos amantes naturais da terra, os Druidas e os Celtas, há uma que sobressai e se relaciona também com o aspecto humano: “A alma humana é como a alma da Natureza: esta última não morre e as almas dos corpos, depois da morte, passam a outro “corpo”, seja ele o que for”.(in Os druidas e os celtas-HENRY D’ARBOIS).



Aqui, meus amigos, entra em acção o meu estimado cepticismo: não partilho desta terrível ideia de vir a ser um nabo ou uma portentosa sequóia… Não acredito nisso! Por tal motivo, ponto final nesse disparate e volto à minha linha de pensamento inicial: se me sinto a todo o momento”À esquina do tempo”, capto, pelos Sentidos ,os cheiros desse tempo que vai passando, batendo na minha face com o seu som e o seu toque original, que eu sinto sem ouvir… o Tempo não se ouve… tem-se, enquanto se tem!



Calma, não falo do VENTO…Falo do TEMPO, essa coisa misteriosa que é VIDA, que é PRESENTE e PASSADO… FUTURO, sê-lo-á? E, sendo VIDA, EU posso preenchê-la, seja noite seja dia, com a paisagem circundante, onde oiço os sons de vida dos pássaros, onde vivo o luar, onde alojo o ruído familiar do sino da minha aldeia, onde sinto a mão pesada, quer do SOL, quer da Chuva, no meu corpo, onde me dobro para apanhar uma flor ou um fruto…

Falo de outros tipos de coisas que fazem TEMPO-VIDA, como as melodias que o génio e o sentimento humano criam e encantam os meus sentidos e emoções, embalando-me o ouvido e o coração, fazendo-me cantar… dizer PALAVRAS, esse sagrado Sumo de MIM, "SER em COMUNICAÇÃO!"



Como ALBERTO CAEIRO (PESSOA) dizia:





“…Da mais alta janela da minha casa

Com um lenço branco digo adeus

Aos meus versos que partem para a Humanidade. (…)”

Pode estar-se, alguém pode estar mais `”esquina do tempo”, do que quando lê PESSOA?

PODE, SIM!



Poderá alguém estar mais à esquina do tempo, do que quando lê PESSOA?

Pode , sim!Pode, quando , ao ir pelo mundo fora, na sua vivência humana, contacta com outras culturas, outras gentes,outras paisagens do incomensurável ÉDEN que é o UNIVERSO, a TeRRA em que vivemos;ou então, quando deixa passar o tempo de vida na congruência da sua adaptação , quase feroz, ao meio ambiente do seu telurismo!



Pode Sim!... , quando se enriquece culturalmente, quando enfrenta a aspereza da vida... Em pleno agreste Oceano, ali na Ponta de Sagres, sentindo perigos velhos,

com o ar carregado de humidade, com os ventos furiosos uivando como lobos ferozes e com o marulhar das águas do mar a desfazerem-se de encontro aos promontórios grandiosos...ou , ao olhar estes mares conhecidos das naus e caravelas... o homem está também," à esquina do TEMPO", pois venceu, na grandiosidade , os monstros e mostrengos, horrores e temores, que o forçaram a rodar, enérgico, a força da roda do leme!



Pode sim!...Quando ,ao recuar, nessa esquina,vai encontrar, de rompante , AFONSO HENRIQUES no campo de batalha, onde "começou o SONHO" e pode sim, quando se encontra em ALJUBARROTA, em 1385, frente aos castelhanos que venceu...

Recordo que perdeu ,no confronto com a "esquina do Tempo" ,em ALCÁCER- QUIBIR. com a loucura de SEBASTIÃO, O DESEJADO... Mas pôde vencê-las também, quando em 1910, por ruas e ruelas de LISBOA, levantou, bem alto, a BANDEIRA DA REPÚBLICA!



PODE sim! vencer a maldosa "esquina do tempo", quando vê o SOL de Portugal, diferente, acolhedor , brilhante... tanto, que não há esquinas oblíquas que vençam o QUERER do "pequeno bicho da terra"( CAMÕES).O mais significativo ,para cada um de nós, em qualquer contexto, seja ele histórico ou cultural, é manter uma visão de lucidez, lutar por uma vida decente no meio das Nações e fazer com que o inferno e a esperança consigam conviver, na palma da nossa mão ..Procurar o equilíbrio para sobreviver às "esquinas"exige auto conhecimento... e ter a consciência de que é preciso brincar com a Primavera e gozar o prazer de sentir as folhas das árvores na mão ou a neve a derreter-se por baixo dos pés...



Mas é também ler AQUILINO RIBEIRO, SHAKESPEARE, EÇA DE QUEIRÓS, MÁRIO QUINTANA, NatÁLIA CORREIA ,MIGUEL TORGA... SOPHIA...É usar o Dicionário e admirar a riqueza metalinguística (significado)das palavras, sabiamente encaixadas no contexto da MENSAGEM, de tal modo que chegamos à conclusão de que o pobre D. QUIXOTE de CERVANTES é uma verdadeira paródia ao mundo moderno, no qual os "nossos" políticos, banqueiros ,empresários, não são mais que os "SANCHO PANÇA" desta ILHA da BARATARIA,em que o mundo se transformou, para eles vencerem!



Não permitamos que as arestas das "esquinas"firam o nosso coração ou varram a nossa existência! Estejamos às "esquinas", se for necessário,com a dignidade daquilo que somos : seres humanos, com direitos e deveres( em PORTUGAL, infelizmente, mais deveres sem direitos!)



RECUSEMO-NOS A SER TÍTERES, nas mãos dos desgovernantes!



GostoNão gosto · · Partilhar · EliminarJosé Luis Fernandes, Teresa Devesa, Domingos Xarepe e 3 outras pessoas gostam disto.
José Da Costa Velho ‎"Repelem as agruras na vida , as almas sonhadoras que da poesia retiram alimento , e mesmo no combate há um bálsamo de festa ." J/cV!
há 20 horas · Não gostoGosto · 1 pessoa
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2 comentários:

  1. Minha Querida

    Ás vezes, baralhas-me! Estou contigo á "Esquina do Tempo" a reflectir e tal como tu, decididamente não tenciono transformar-me num nabo (mas houve muitas encarnações nesse turbeculo...) ou numa frondosa árvore..Á parte a minha fé, uso a inteligência para pensar que, se a natureza resiste, quanto mais este ser maravilhoso que nós somos? Seria impensável que tudo acabasse num buraco.
    Bem mas deixemos estas filosofias para quem de
    direito...
    Gostava que este texto fosse lido aos senhores do FMI (e não só...) e que na "Esquina do Tempo" pudessem admirar este país com 800 anos de história e dos valentes que, no dizer de Camões se " foram da lei da morte libertando" e chegassem á conclusão que Portugal merece todo o respeito e admiração! " Importamos"...uns "Sancho Panças" infelizmente, talvez misturados com os cruzamentos nefastos ( de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento...) mas, quem tem um Camões, Fernando Pessoa, Vasco da Gama, um Infante ,um Afonso Henriques e tantos, tantos escritores e poetas que podem e devem ser penhor da nossa honestidade, não pode e nem DEVE olhar para este jardim à beira-mar plantado, de soslaio, sob pena de estar a cometer um crime contra um país "que deu novos mundos ao mundo"...Deveria ser um orgulho "ajudar" este GRANDE-Pequeno país que já fez muito pela humanidade!
    Entretanto na" Esquina do Tempo" eu delicio-me com a tua música, oiço os pássaros aqui fora e o sol bate doirado na minha janela...
    As outras "esquinas" malfadadas, onde a guitarra chora baixinho...quero esquecê-las!
    Esquecer a crise, o desânimo, o bota-abaixo porque hoje, fui contigo à "Esquina do Tempo" e...só vi maravilhas!!!
    Obrigada, minha querida.
    Beijo
    Gra










    Gostava que este texto fosse lido aos senhores FMI e que " na esquina do tempo"

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  2. Minha querida GrACINHA: fizeste-me sentir grande e vaidosa, eu que, verdadeiramente, escrevo, no momento, o que me vem do sentimento! Hoje ,essa tralha da EUROPA que não será nunca o que fomos, quer põr-nosno "lixo"...
    se quiseres pÔR ESSE ARTIGO NO TEU cantinho, leva-o, que ,ao menos assim, sei que ,além de ti, alguém o pode ler!
    Beijinhos, querida!
    Mª ELISA

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