A MADRE TERESA DE CALCUTÁ
Face de calmas rugas desfilando por uma
pele-avenida-de-utopias esmagadas…
Dedos rasurados pela miséria das vidas-sem-vida…
Olhos atravessando avenidas desgraçadas,
de mãos estendidas para um Deus ausente, esquecido,
compenetrado em-ser-Deus…
…omnipotente, como
dizem!
Tuas lágrimas choram a expedição persistente ao martirizado
esplendor da miséria
(contra-epopeia
ensanguentada da Poesia-obscura!)
Num mundo-não-Mundo de ruelas estreitas, onde a morte-vida
nunca está satisfeita,
passeias teu corpo
azul e branco por uma odisseia arrítmica, onde não vives
porque morres a cada momento da disforia.
Explodem-te os Sentidos
nas pústulas de um desgraçado!
______________________”MEU DEUS de todos-nós, onde estás?
______________________Onde Te sentas?
______________________Por que não me dás alento?”
Dos dedos, Madre, através da Alma, escorre-te uma calma de
dúvidas
quando afagas os olhos de uma criança-morta-viva…
Pelas tuas veias-artérias viaja o desespero de quem não
encontra
a luz límpida das
estrelas a dormirem sobre os despojos de Calcutá…
…de todas as “Calcutás”
do mundo-nos-continentes-a-viver-ao-Deus-dará!
Está melancólico, o Paraíso!
Choras ao ouvir o fragor do clamor doente e os sussurros da
dor e desamor!
Não te sentes no
“altar”! não deixes de olhar por nós!
Pede a Deus que reze, também Ele, uma prece!
Afinal, sempre se disse que Ele está perto de nós…
Pede-Lhe que abra o manto que cobre o mundo de estrelas…
…que afaste o
sofrimento de quem não pode fugir, para vê-las!
E, se puderes, vira teus olhos para os nossos!
Lava-nos as feridas e ilumina todas as vidas!
Espalha tuas brancas vestes e abafa todas as pestes!
Tantas são as pétalas das rosas-rubras-do-amor,
___________________cor do-sangue-do-tormento, nesse Paraíso,
à espera
___________________de quem as solte nas vielas estreitas da
Justiça e da Igualdade!
Tanta é a Liberdade das
mãos de Deus…
Pede-lhe que oiça a minha oração-de-fé…
__________________” Pai Nosso, que estais nos céus…
__________________...Olhai por nós, pecadores-sem-o-querer,
__________________...agora e sempre, ámen”!
Maria Elisa Ribeiro
© 2013-11-29
ESTE POEMA ACABA DE SER PUBLICADO NO MÉXICO, NA COLECTÂNEA
“PARTICIPANDO”, DEDICADA A MADRE TERESA DE CALCUTÁ.
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