sábado, 29 de junho de 2024

POEMA






 SABERÁ A NATUREZA...?

saberá o mar que,
quando o meu olhar
lhe entrar no ritmo balanceado,
serei um amontoado de células
a suavizar meu ardor?
saberá o rio que as suas águas
a deslizarem para a foz,
levarão consigo o eco da minha voz
por entre abismos e fráguas?
saberão as ervas e as flores,
que quando te aproximares
do meu repouso solitário,
se estabelecerão regras-sem-regras
que nos atirarão
para o calvário
das nossas amargas dores?
saberão os pintores identificar as cores com que,
de mãos dadas,
lhes vamos pousar
junto ao odor das rosas perfumadas?
naturezas vivas, eu e tu não queremos ficar parados
junto das naturezas mortas
ou dos quadros encerrados ao longo de corredores,
que o tempo vai empoeirando para lhes roubar as cores?
saberá o mundo que vivemos nos astros
que nos dão luzes e cores e são confidentes
dos nossos amores?
Oh!...”Aquela triste e doce madrugada” que viu
a dor com que nos separámos
até que a Lua
nos iluminou o caminho para nos reencontrarmos!
saberão o mar, o rio, as ervas e as flores
que a nossa POESIA é o olhar com que nos fitamos?
a boca com que nos beijamos?
o calor com que nos abraçamos e o Amor com que nos damos?
Maria Elisa Ribeiro
©MRÇ/ 2022

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