domingo, 28 de agosto de 2016

De Luís de Camões...



De Luís de Camões :

Sonetos de Camões :

"Aquela triste e leda madrugada,
Cheia toda de mágoa e de piedade,
Enquanto houver no mundo saudade,
Quero que seja sempre celebrada.


Ela só, quando amena e marchetada
Saía, dando à terra claridade,
Viu apartar-se de uma outra vontade,
Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,
Que de uns e de outros olhos derivadas,
Juntando-se, formaram largo rio.

Ela ouviu as palavras magoadas
Que puderam tornar o fogo frio
E dar descanso às almas condenadas."







O Classicismo entrou em Portugal pela pena de autores como Sá de Miranda, que teve em Camões um homem à altura de continuar essa obra. Mas, ao estudarmos os seus sonetos, deparamos com proféticas expressões e estados de espírito, dignos de épocas literárias que lhe sucederam, como o Maneirismo, o Romantismo e o Realismo.Não é tão simples como parece o "desenrolar" da obra poética camoneana. Falaremos disto, noutra altura.
Importante, neste Soneto, é ver que a madrugada é uma linda Personificação, uma confidente dos enamorados, que por um jogo poético de Antíteses (triste e leda), de Personificações, de Hipérboles(...formaram um largo rio...) torna este Soneto uma das coisas mais lindas de se ler!
Maria Elisa Ribeiro

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