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quarta-feira, 31 de agosto de 2016
A situação anormal da Espanha...(www.publico.pt)
PSOE recusa Rajoy porque Espanha "precisa de um Governo, não de um mau Governo"
PÚBLICO
31/08/2016 - 09:21
(actualizado às 09:40)
Mariano Rajoy atira responsabilidades para Sánchez e pede que o deixem governar. Cenário de novas eleições em Dezembro cada vez mais provável.
O líder socialista diz que não pode aprovar aquilo que quer mudar ANDREA COMAS/REUTERS
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Pedro Sánchez
O líder dos socialistas espanhóis, Pedro Sánchez, confirmou esta quarta-feira que o seu partido vai votar contra a tomada de posse de Mariano Rajoy como presidente do Governo espanhol.
"Vou ser claro e directo. O grupo parlamentar socialista votará 'não' à sua investidura", disse o líder do PSOE assim que começou o seu discurso – o primeiro de uma manhã em que falam os líderes de todos os grupos representados no Parlamento espanhol.
"Vamos votar contra. Espanha precisa de um Governo, não de um mau Governo", declarou Sánchez.
Este "não" dos socialistas já era esperado – e saiu reforçado da curta reuniãomantida terça-feira entre Sánchez e o líder do Partido Popular, Mariano Rajoy –, e o discurso do líder socialista também foi duro, como esperado.
Opinião: Sem geringonça
"A novidade", salientou Pedro Sánchez, "é que, pela primeira vez, o candidato da primeira força política é incapaz de conseguir os apoios necessários para conseguir a investidura. E essa responsabilidade é exclusivamente sua", disse o líder socialista a Mariano Rajoy.
Na prática, Sánchez desafiou Rajoy a governar com o que tem – 170 deputados, contando os 137 do PP, os 32 do Cidadãos e o deputado da Coligação Canária –, ou a dar lugar a uma alternativa, que seria encabeçada pelos socialistas.
Essa solução passaria por uma união de partidos de várias proveniências, o que levou o anterior secretário-geral do PSOE, Alfonso Pérez Rubalcaba, a classificá-lo de "governo Frankenstein", já que não teria apenas os socialistas e o Podemos, mas também partidos independentistas, incluindo o da actual coligação liderada pelo partido de Pablo Iglésias.
O problema de Rajoy é que 170 deputados não chegam. Na primeira votação, Rajoy precisaria de obter uma maioria absoluta, ou seja, mais seis votos a favor. Na segunda (sexta-feira), precisa de uma maioria simples, mas a sua investidura só será aprovada se conseguir que 11 deputados se abstenham. Depois disso, os partidos podem continuar a negociar e a tentar chegar a um acordo até Novembro.
Para Rajoy, é o PSOE quem tem a chave para a resolução da crise política. Pelo que será ele quem terá de dar explicações aos eleitores se o impasse se mantiver e emergir, mais uma vez, o cenário da repetição das legislativas.
Esta quarta-feira, e também como era esperado, Pedro Sánchez não deu qualquer indicação de que poderá mudar a sua posição (tal como Mariano Rajoy), o que torna cada vez mais uma certeza o regresso dos espanhóis às urnas em Dezembro, precisamente no dia de Natal – naquela que, a acontecer, será a terceira vez que os espanhóis vão às urnas num ano.
"Não vamos recuar", disse Sánchez, ao defender que não é sua responsabilidade evitar a realização de novas eleições em Dezembro. "Não podemos apoiar a sua chantagem, temos de denunciá-la. Você quer fazer passar a ideia aos cidadãos que governa que você e os espanhóis estão condenados a votar no Natal."
"Você não tem nenhuma credibilidade. Você leva quatro anos a confundir maioria absoluta com absolutismo", acusou Pedro Sánchez.
"A mentira de ontem foi que você chegou ao Governo com a promessa de baixar os impostos, e desde então subiram mais de 50 impostos e taxas. A mentira de amanhã é a sua promessa de novas descidas de impostos. Mente, e sabe disso. Volta a encobrir subidas de impostos", disse ainda o líder socialista espanhol.
E concluiu: "Quando ninguém tem a maioria sozinho, o que temos de fazer é procurar um caminho de entendimento. Estou convencido de que, a partir de agora e durante muito tempo, não haverá maior vitória política no cenário político do que um acordo. Na nossa opinião, não se pode ter nenhuma confiança em si. A sua governação resume-se numa palavra: cortes – nas liberdades, no direitos, na igualdade, na democracia.
Rajoy pede que o deixem governar
Depois de Pedro Sánchez falou Mariano Rajoy, presidente do Governo em exercício e candidato a manter-se no cargo na votação desta quarta-feira.
"Os resultados são hoje mais claros do que nas anteriores eleições. Consegui um acordo com o Cidadãos e posso apresentar-me nesta câmara com 170 votos, o que é uma cifra razoável para tentar a investidura", pressionou Mariano Rajoy.
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