"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
quinta-feira, 1 de março de 2012
FAROL...
FAROL…
Torre de menagem das margens escuras do mar, o farol é uma casa muito só.
Erguida como sentinela de luz no meio de rochas negras, duras e resistentes aos bramidos do mar tempestuoso, ela é o ponto luminoso que serve de guia aos pescadores e navegantes, nos momentos de tormenta.
A força da sua verdade reside na luz potente e no ronco forte, que rompem a noite dos escuros nevoeiros, ominosos e traiçoeiros, prontos a ceifar a vida dos pescadores-marinheiros , nas horas de lida. Essa luz forte, qual mão de deus, dá abrigo à ansiedade e ao pânico interiores do Homem ,que se debate com montanhas de água do oceano furioso. Possante e altaneiro no seu posto-sentinela, o farol é vida que protege, na falta de rota, barcas ou viajantes perdidos num Norte que se perdeu , em noites de breu; símbolo de vida, luz e esperança, não há, no nosso país, terra à beira mar que não tenha um farol, por pequeno que seja, para oferecer aos mais comuns dos mortais , que o vêem rodeado de albatrozes, gaivotas e mergulhões, guardiões da pedra –luz que reluz ,nas noites de solidão de quem apanha o pão ,nas redes.
O farol é o porto de abrigo de quem está no mar, em perigo.
Há noites em que a lua não ajuda o homem do leme, que geme, que geme. Em cima das rochas banhadas pelas ondas traiçoeiras, ele, farol, é a salvação do pescador-marinheiro que “fareja” a sua aura salvadora. Ele, farol, é um bem que do seu posto não se move, até que um ser aflito deixe as ondas da maresia furiosa, brumosa do orvalho-nevoeiro das noites de tempestade. O mar é um grande aquário…o seu fundo é negro, ominoso, cheio de fantasmas gulosos e insaciáveis de almas-pescadoras.O farol, na sua brancura de cal, é a vida a renascer aos olhos do aflito e angustiado viajante, quando, nas ondas a subir e a descer, lá ao longe, o consegue ver. Ao mesmo tempo que embeleza a paisagem circundante, dá vida às rochas musgosas, escurecidas pelas águas teimosas do mar,que as não deixam em paz.
E é o faroleiro, pastor dum rebanho de frágeis barcas, de grandes navios, de traineiras –pescadoras ou aves madrugadoras, que o vive, em dias e noites de profunda solidão-no-amor.
Pastor atento, forte como velhos lobos-do-mar, enfrenta o mar, que zurra como animal violento.
Faroleiro é homem do mar, como quem anda a pescar…
É guia a labutar a solidão de salvar almas doridas na dura vida das ondas.
AMO OS FARÓIS DO MEU PAÍS DE NAVEGANTES! AMO OS FAROLEIROS DOS FARÓIS DO MEU PAÍS!
Maria Elisa Ribeiro
FEV/012
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Quantas veses admirei tais estroturas, tantas veses pensei, eis algo de muito importanta num país de marinheiros...
ResponderEliminar(excelente refleção, aliás como sempre.)
Campista: é verdade! Eles têm um fascínio especial...são como a "mão de deus" que nos guia!
ResponderEliminarBeijinho
Adorei. Bela descrição.
ResponderEliminarBom fim de semana.
fique com Deus
ate
Obrigada, amiga!
ResponderEliminarEstás no facebook, Viviane?
Procura Mª Elisa Ribeiro-MEALHADA-PORTUGAL
Beijinhos