quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

POEMA:SEI A ESPERA...


SEI A ESPERA…

Perdeu-se um beijo, à nossa espera…
Cubro o rosto ao pensar
o que podia ter sido, a verdade desse momento-vida.
Batia o sol nos meus olhos quando, desperta,
teu rosto estava tão perto…

Raios brilhantes do astro potente
cegaram-me no instante em que teus lábios
ardiam, prometendo o luar mais cintilante!

Sei que te beija o ar do mar a gotejar outro suor…
…mais frio…mais distante…sem gotas brilhantes de fosfatos lucicantes,
que tinha para espalhar nas nossas madrugadas de alucinação,
quando o frio do acordar me embrulhasse no teu ar…

Sei que te abraça a brisa do vento guloso
que corre pelas montanhas
e enfurece as pétalas das rosas
que se desnudam , furiosas por te beijarem…
Sei do rio que escorre pela cascata banhando-se
despudorado, perante o teu olhar…
E sei dos meus soluços que se diluem nessas águas
onde desaguam,
cientes de que não sentes
o –sofrer-da-boca-que-não –chegaste-a-tocar…

Afogo-os no silêncio do meu quarto…no meio da solidão
que é o desconforto de te não ter…
A penumbra do passado não te deixa perceber
o percurso do leito onde me deito…
…tão largo!... como o tempo sem teu querer!

Espreitei os teus ardores, num sonho que não vivi…
E os meus dedos não sorriram, nem se perderam em ti…
Acordarão sempre sós, sem o calor que dimana
do corpo-que-não-vivi…

Um desejo? Oh, gostaria de te amar no sagrado silêncio
dos corpos que se entrelaçam no escuro,
vendo faúlhas de lava incandescente escorrendo
pelas encostas do vulcão…

Os meus diálogos contigo-sem-ti perdem-se
na sombra de um beijo que não recebi…
…que se desvaneceu na névoa do amanhecer
das águas do mar, a bater nas ondas que te querem abraçar…

A Natureza é mais forte!

Para mim, ficou a certeza da morte do Amor…

Marilisa Ribeiro
R-C13N-18-FEV/012- (ERT)

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