Pensamentos…tormentos…

(Foto pessoal)

Decido sentar-me. Olho em redor o meu mundo … o exterior e o interior.
Apetece-me falar comigo… meu verdadeiro abrigo. Sinto necessidade de sufocar-me… comigo… dentro de mim…
A vida que fui vivendo soa, hoje, a uma toada de legenda… Foi tudo épico na minha pequena grande- história… Lutei, concretizei sonhos tornados realidade em horas em que o mundo dormia, preparando um novo dia… Pedregulhos de grandeza tamanha, assustadora, atravessaram-se na estrada que me conduzia à vida. Venci promontórios, que não subi…
Mas não me considero uma “alpinista” falhada!
Errei no amor. Deixei-me iludir de sedução que o não era…entregando o meu melhor. Aflorei a Felicidade… Mas nada era verdade… Só os filhos que produzi, poderão falar de mim…bem como os alunos que ‘inda hoje me reverenciam… Outros filhos… de outro amor…
Velhos amantes, eu e a vida, não nos desprendemos uma da outra… toca-nos seguir, a par e passo, apoiadas na férrea vontade da Verdade, o coro de alegrias e amarguras que ‘inda temos de vencer, até ao INFINITO de nós…
Juntas, espantámo-nos com o “11 de Setembro”, o “11 de Março em ATOJA”, a invasão do Kuwait por SADDAM HUSSEIN, a louca guerra dos loucos BUSH e BLAIR, com “uma mãozinha de alguém que é, hoje, personagem da Europa… (cujo nome não pronuncio)
O meu “PISCO” dorme, placidamente instalado na borda de um sofá, o seu sofá… Dançam, meio adormecidos, os peixitos, no aquário, enquanto as minhas doces plantas, pedaços da NATUREZA que esta me consente possuir, esperam pela minha voz desejando “boa noite”...
Olho as Mãos com que escrevo VIDA…tratadas, mas exaustas de tanto as usar, passeando-me pela face palavras que amo, de que abuso, porque urgem: JUSTIÇA, PAZ, LIBERDADE, HUMANISMO…
Sinto-me, neste momento, GAUDI da minha catedral, este meu mundo que venero sem o conspurcar com manias de grandeza balofa.
Sou leoa no reino dos meus mistérios…
Passou o tempo de assombrações, lendas, contos misteriosos, narradas no seio do calor da lareira da velha casa da aldeia…tempos em que não se tinha três e quatro televisores…NEM um, sequer…
Tudo isto constitui a tela de fundo da Vida que fui ANDANDO…na procura do meu ALÉM, do meu ALI…do meu horizonte do “TALVEZ”…Sabe-me a boca a VIDA…
Ao abrir o computador, para uma última visita a este “HOJE” que já é “amanhã”, uma frase me beija a alma:”MARIA ELISA, beijos em tua alma!” Há lá coisa mais linda!
Sei que não estou concluída, que sou a PEDRA BRUTA por burilar, acredito na permanente evolução do SER…ainda não acabaram as guerras que geram guerras que geram outras guerras…
Há ainda sonhos a cumprir, apesar de HITLER, POL POT, Serra Leoa, Birmânia…
Os meus olhos começam a chamar-me…
Com alegria particular, fecho os olhos e adormeço nos teus braços, amiga de todos os infinitos minutos de MIM…VIDA MINHA!

Maria Elisa, 19 de AGOSTO de 2010