“PINGOS DE DOR…
A escrita pode funcionar como uma espécie de “purga”, como catarse.
Estou a fazer um esforço supremo para vos dizer alguma coisa de mim, neste momento em que, de todos vós tenho recebido tantas provas de carinho, desinteressado. Nestes momentos, a divagação e a poesia sobrepõem-se à erudição por terem mais que ver com a nossa subjectividade, as nossas emoções, o interior imaterial de qualquer um de nós.
De há quatro meses a esta parte, como vos dei conhecimento, tenho passado por várias fases negativas das quais penso não vos ter dado a exacta medida, mas que só não me transformaram numa estátua, porque Deus nos concedeu a suprema capacidade de chorar…
A vida é uma batalha contínua. Quando menos esperamos, encontramo-nos no meio da refrega mais cruenta, mais árdua que se possa imaginar, perdendo as forças para lutar, precisamente no momento em que mais temos que bracejar contra “as ondas alterosas” de sentimentos, que nos podem conduzir às frustrações.
E, sem contar, vêm do Passado memórias atrozes que se instalam no Presente incauto, para ensombrar um Futuro incerto…
Tenho estado num “promontório rochoso”, negro, áspero, que tenho molhado com lágrimas que surgiam, nem eu sei de onde!- tal o desespero interior que se cravou ,como garras, nas minhas vivências despretensiosas. Foi tal a dor de que me vi possuída sem contar… assim… de um momento para o outro, que vos asseguro, meus amigos, que me senti, espiritualmente, mutilada. Essa, como que amputação, trouxe consigo, inevitavelmente, uma solidão irremediável, uma angústia que me exauria e contra a qual CONTINUO a lutar. “Noites longas” meteram-me medo. “O mar, em tumulto,”batia, furiosamente no meu “promontório” e, do luar possível eu via só as ondas ameaçadoras a debaterem-se, a desfazerem-se em espuma contra a rocha descomunal, no alto da qual eu ia carpindo as minhas dores… pingos de dores…
Vozes quase mágicas, de amigos de todas as horas, apelam ao meu levantar o ânimo, tendo-se colocado numa amorosa situação de apoio, sussurrando palavras amigas e pondo o seu ombro amigo à minha disposição…É por todos vós que entendi ser minha obrigação mostrar-vos que quero recuperar! Não tenho a pretensão de inventar palavras para vos agradecer, amigos! Sou pequena para isso…vejam neste texto o meu sincero “muito obrigada”.
Não estou bem ainda, como calcularão todos e todas as amigas que já passaram ou estão a passar por momentos depressivos; sinto-me como uma águia ferida, caída das alturas, no meio de rochas agrestes e escarpadas, das quais tenho, forçosamente, que fugir, com a ajuda de amigos e familiares.
Que raio de fortaleza somos, que nos desmoronamos ao mais leve sibilar dos ventos? De luar brilhante passamos a noite escura de terrores incertos, fria e húmida, em agonia de soluços tresloucados… E compreendemos, então, que existir é sofrer, é padecer…e que a alma pode cair em abismos aterradores…E, graças a Deus, podemos chorar, como se os ventos estivessem calmos, os mares descansados e como se os fantasmas das dores não existissem… E lavo-me nas saudades que as lágrimas me trouxeram… e não sou nada forte… sou frágil como pena de ave que voga pelo ar…
Penso que a vida será diferente depois desta passagem da “ponte” no meio da qual me encontro. Quero voltar a sorrir despudoradamente! Quero ir POR ALI, E NÃO POR ACOLÁ. QUERO fugir da fileira de gigantes petrificados que, por vezes, sem o contarmos, se alojam no nosso cérebro!
Quero, por fim, agradecer a paciência com que estivestes a “ouvir-me”…
Transpasse esta ponte, amiga...
ResponderEliminarEstaremos nós, sempre aqui a te amparar em mãos que te amam!
Grande beijo em teu coração e percebo que já está abrindo uma pequena fresta de janela. Bom sinal
Queridissima Amiga
ResponderEliminarSei como te sentes no teu " promontório de solidão"...eu, continuo a tomar antidepressivos e o médico aconselha-me a não os deixar ...por enquanto, porque há recaídas que surgem sem eu contar. Contudo, tenho uma bengala preciosa que nunca me larga - a FÉ! E é esta fé que põe esperança diáriamente nas minhas madrugadas.
Como eu gostava tanto poder transmitir-te este milagre que me motiva e me dá coragem para os grandes desafios. Deixa-me rezar por ti...ao Pai de mãos grandes e generosas...
Sempre ouvi dizer que crise...é sinal de vida!
Mas a crise ou nos derrota ..ou nós a derrotamos, com coragem e determinação. Custa...claro que custa! Mas tu tens talentos, criatividade, soluções ou saídas que tens de as activar ao máximo. Quando as luzes de fora se apagam, as de dentro devem ser ligadas...ainda que seja uma pequenina vela! Quando estava no auge da grande depressão, depois da perda da minha mãe e do Eugénio, eu julguei que enloquecia. Fui a um psicólogo (que nunca mais o esquecerei) que me disse assim: " Minha Amiga, vamos arrumar os gavetões...Tem a roupa toda misturada, a suja , a limpa...uma verdadeira montanha, como é que há-de conseguir ver o lado de lá?
Vamos arrumar gavetão por gavetão, deitar fora o que já não presta e tratar dos problemas apenas um de cada vez" E foi o que eu fiz e senti-me muito mais aliviada e olhando a vida de outra forma.
Vais escrever num caderninho todos os teus espinhos, numa só folha. Depois, cada dia, escreves numa folha nova, apenas um só "espinho". Colocas à frente todas as possíveis soluções, saídas, respostas, luzes, remédios... e só passas para o segundo quando este estiver resolvido...Entretanto os outros, deixa-os pendurados nalguma estrela. O seu tempo chegará, sem stres.
Desculpa estar a dizer-te tudo isto mas é apenas a AMIZADE que fala e, infelizmente também alguma experiência neste campo de carências, de lutas e de sofrimento.
Não te feches...sai ainda que não te apeteça..para lugares tranquilos onde possas comungar desta natureza que começa a estar em festa e que, de certo modo, nos alimenta a alma.
Virei todos os dias falar um pouco contigo.
Beijo grande...maior do que as vagas que chegam ao teu promontório. Estou contigo.
Graça
"A amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e dividindo a nossa dor."
ResponderEliminarForça querida amiga.
Beijo.
Nem precisaria de dizer nada...sabes onde estou. Deixo apenas o abraço cúmplice de filha preocupada, que te vê a fazer o esforço para renascer das cinzas. E um beijo do tamanho do mundo, que se há-de abrir, de novo, para ti.
ResponderEliminarQuerida Maria Elisa,
ResponderEliminarA Graça com a experiência da sua própria dor e com a sua forma profunda de se exprimir, disse tudo que eu poderia dizer. Eu também sou uma consumidora de anti-depressivos, ajudam a dar a volta.
De tudo que a Maria Elisa escreveu, retive que há uma ponte que tem que atravessar, que já reflectiu que tem que o fazer e portanto o meu desejo é que ganhe energias para o fazer, quero vir ler o que escreve, quero enriquecer-me, quero partilhar da sua cultura, dos seus tantos saberes.
Se estivesse por aí com certeza que ficaria do outro lado da ponte a incentivá-la, fico com a esperança que vai fazer essa travessia.
Beijinhos da amiga,
Manuela
A depressão é dificil é como se alma enxergasse só em tons de cinza. Isso do passado se presentificando é o pior, tente não dar importancia para ele, afinal já passou e não pode ser mudado. Tente não se acusar, cercar-se de pessoas que gosta e cuidar de você.
ResponderEliminarSei como é duro esse pedaço que está vivendo, mas passa.
Seu texto é muito bonito.
beijos
E eis que o laivo de ânimo que despontou recentemente, quase a par das primeiras mostras primaveris, começa a romper o cinzento e a desadormecer a energia!
ResponderEliminarSente-se o seu emergir à superfície; a travessia dessa ponte. Mais árdua e morosa do que se desejaria, sim. Mas não importa de verdade. Importa sim que se está a reconstruir!
Fico feliz que assim seja!
Um beijinho!
Maria:
ResponderEliminarHá os Amigos, há a Poesia. De braços abertos para você.
Beijos
Apresar de triste, o que escreveu é muito bonito.
ResponderEliminarDesejo-lhe as melhoras.
Beijo.
Eu disse que vinha e aqui estou a incentivar-te a que saias, hoje, que está sol e dês uma volta a pé, olhando as flores e...sorri! As esperanças, os sonhos, os anseios e os projectos, têm de passar por esta porta, que é o sorriso...
ResponderEliminarBeijos e...força!
Graça
Minha querida Maria
ResponderEliminarApenas te deixo o meu carinho e um beijinho grande, e conta comigo.
Estou do outro lado do ecran.
beijinhos
Sonhadora
O a doença, o sofrimento e a dor são de facto inalienáveis da vida. A adversidade impede-nos de fazer o que queremos ou de ir onde queremos.
ResponderEliminarDevemos disciplinar a nossa acção e reagir ao sofrimento. A nossa atitude é muito importante. Ao dizer isto reconheço que não é fácil, no entanto, aqui estou transmitindo-lhe todo o apoio, desejando que a luz do farol de Sines a acompanhe perspectivando-lhe dias da mais tranquila recuperação e felicidade.
Jorge
Querida amiga
ResponderEliminarQuem assim relata a dôr e nos deixa sem palavras só podemos desejar-te muita força para que rumes á felicidade sulcando as vagas alterosas do teu texto. No fim virá a calmia e a felicidade com muitos braços amigos estendidos e á tua espera no cais da vida e da esperança. Não sei dizer mais nada, apenas muita força e estarei contigo e ao teu dispôr. Os meus braços estarão estendidos para te dar uma ajuda.
Bjo grande com muita fé e vontade.
Diogo
Olá Maria Elisa, como eu te entendo, minha querida Amiga.Também eu tal como a Graça e a Manuela sou uma consumidora de anti-depressivos há já 3 anos.Vou vivendo um dia de cada vez da melhor maneira que sei e posso.Muita força para venceres mais esta luta na tua vida.Beijocas.
ResponderEliminarMª de Fátima: já somos três, minha querida, porque eu já estive em depressão e também continuo sempre a usar antidepressivos.Mas quero tanto sair desta dor...
ResponderEliminarObrigada pelas tuas palavras, amiga.
MªELISA
Diogo: obrigada pelas palavras e pelo carinho. Desejo ardentemente sair desta abulia. Não te tenho visitado. Perdoa, mas o computador até me dá náuseas...vê até onde me deixei chegar...
ResponderEliminarBeijitos amigos, Diogo
JORGE: eu agarro-me a todos os faróis, meu amigo, tal a vontade que tenho de sair desta profunda tristeza.
ResponderEliminarObrigada pelas palavras e pela amizade sincera.
MªElisa
SONHADORA, obrigada por estares aí...Estou a estender a mão...
ResponderEliminarMªELISA
GRACINHA PEREIRA: não tenho palavras para agradecer os textos tão íntimos e pessoais que me tens mandado. Eu sentia que tu és uma alma sofrida... mas ,apesar de continuares como eu, a tomar os antidepressivos, desta vez parece-me tudo mais difícil. Perdoa não escrever mais...
ResponderEliminarBeijinhos MªELISA
LEVY: obrigada pelas palavras amigas.
ResponderEliminarMªELISA
MA TERESA: obrigada por abrir seus braços para mim...
ResponderEliminarBeijinhos
MªELISA
SU: acredita ,minha querida, que não vejo a hora de "arribar", porque se sofre tanto...
ResponderEliminarObrigada, querida, pelas tuas palavras amigas e cúmplices...
Beijinhos de
Mª ELISA
Ângela: gostei de a ouvir dizer "que é duro, mas passa..."Quem dera que passe , depressa...
ResponderEliminarBeijitos de
MªELISA
MANUELA FREITAS: obrigada, amiga, por estar com a GRAÇA PEREIRA do outro lado da ponte...
ResponderEliminarAfinal, todas nós já passámos por estes períodos negros.Perdoa por não escrever muito, ainda não tenho vontade; só senti que tinha que dar uma palavrinha a quem tanto me tem acarinhado.
Beijitos da
MªELISA
Querida Elisa
ResponderEliminarSei o que é não ter vontade para nada... nem para escrever que é o que tu e eu tanto gostamos de fazer ..Ás vezes, depois de uma postagem, desapareço por uns dias...mudo de ambiente... Temos de nos capacitar que somos umas plantitas muito frágeis e precisamos, tal como os feijoeiros de uma estaca (são os anti depressivos...)Já tentei muitas vezes deixá-los e consegui mas, as recaídas...são terríveis...por isso , vivam os anti depressivos para levarmos uma vida mais ou menos direita, como diz a Fátima.
Quando quiseres vir até aqui (se te apetecer) diz um "Olá" para todos, não estejas
a esforçar-te com respostas individuais.
Quando começar a hora de Verão, tenho a certeza que ficarás com novo vigor.
Para o que precisares, eu estou aqui, de todo o coração.
Um beijo grande
Graça
Malu: obrigada, querida. Eu sei que estás ,como os outros amigos, do outro lado da ponte...
ResponderEliminarQue DEUS Vos ajude!
MªELISA
MANUEL MARQUES: obrigada pelas palavras de incentivo.
ResponderEliminarBeijo amigo
MªELISA
GRACINHA: DEUS TE PAGUE!
ResponderEliminarBEIJO DE MªELISA
MINHA LINDA TERRA DE ENCANTO...
ResponderEliminarMãe
Lusibero
ResponderEliminarQuero agradecer o post e dizer duas ou três coisas: claro que não é necessária qualquer erudição (mas acredite que achei este post erudito porque de experiência feito e consigo nas mãos); nao precisa de dar respostas: basta colocar posts que a aliviem nesta catarse; gosto muito desta música de fundo que som ao fim de uns segundos e dizer ainda isto: quando desabafa "Que raio de fortaleza somos, que nos desmoronamos ao mais leve sibilar dos ventos?" fica a sensação de que gostaria de ser sempre forte, férrea, mas apenas nenhum de nós é, ainda que eventualmente nao deprima (pelo menos no sentido classico do termo), como revela que a Lusibero deve tyer a sabeodria de aceitar o que é também na fragilidade; estou a tentar dizer que todos gostamos semptre de ser e parecer fortes, mas que por vezes isso é contra natura na medida em que forçamos a nossa natureza e depois instala-se a depressão.
A Lsuibero, nao menos do que ninguém, é um ser sensivel e humano, pelo que talvez encapote essa fragilidade com mum nao menos e legitimo espirito reivindicativo aqui e/ou ali, mas repare que é sempre na paz que nos encontramos, e por ela que que vivemos melhor ou pior. deleite-se com o sol e a chuva e aguente as batalhas que tiver de enfrentar, mas nao se frorce para lá daquilo que o seu ser pede e depois acaba por ser o corpo a pagar.
Talvezs eu hoje nao esteja particularmente inspirado para lhe escrever mas penso conseguir transmitir a ideia: descanse em si; liberte-se pela esctrita, pela música, pelas saidas, om que quer que seja... mas respeite sempre o seu estado interior. So temos uma vida e devemos vive-la na melhor plenitude possivel, sendo que a melhor plenitude de todas e de sempre é sermos felizes connosco mesmos, com os outros, e deixar que cada dia traga o seu sol, a sua chuva, o seu invernso ou o seu calor... E ir andando assim... como ao sabor das músicas que aqui se ouvem, numa adaptação inteligente de vida.
Vai ver que logo está recuperada. Mas nao force o tempo que isso levar a acontecer. Entretanto viva. Nao pense na coisa em si. E se viver for estar mais atafulhada a gerir a sua mente, pois deixe-se estar na noite. Tambem a noiteb tem magia e purifica e traz vida a tanto dia gasto e sem luz. Na sua noite, Lusibero, aproveite a noite, essa estranha paz. E logo será. A seui tempo.
Com wenorme beijinho de melhoras e esperando que nao tenha pressa em nada, fico um pouco consigo no promontorio da noite. É preciso também acreditar às escuras :)
Até mais, amiga
Querida Elisa
ResponderEliminarO meu beijo de boa-noite..que os anjos velem o teu sono e acordes mais tranquila com os primeiros raios do sol, disposta a viveres o AMANHÃ!
Estou contigo.
Graça
Gracinha: beijos de muita ternura...
ResponderEliminarMªELISA
DANIEL SILVA(LOBINHO): nem sei o que dizerà mensagem que me enviaste, amigo...Estou mesmo sem forças para ver as coisas de modo mais positivo...Só tenho vontade de chorar e nem a medicação me está a ajudar. Vou ler e reler os teus conselhos...
ResponderEliminarBeijo amigo de MªELISA
Querida Maria,
ResponderEliminarSei o que são esses momentos em que tudo desaba de um momento para o outro, em que temos mesmo de passar a ponte, temos de ter mais força que a própria força. Sei que a Maria tem essa força e, tem aqui amigos e, deve ter muitos mais que estão aqui, aí a torcer por si.
Eu costumo alongar-me, mas neste momento prefiro não o fazer porque sei o que significam momentos como esse pelo qual está a passar. E só de pensar as lágrimas teimam em cair e, eu liberto-as porque faz bem, pois só eu sei o mal que me fez durante tanto tempo, anos ter contido lágrimas que deviam ter saído e, eu não deixei para proteger alguém, pois se eu já sofria, não queria que mais alguém que também sofria sofresse mais ainda, por isso, preferi eu sofrer em duplo, sou assim e, neste momento há mais alguém que deve estar a sofrer também muito, mas acredito que deve ser uma grande força para si!
Bjo grd de Luz