sexta-feira, 17 de março de 2023

Poesia

 PRESA NA NOITE

Não consegues encontrar-me, nova alvorada,
Pois sou presa das noites que tu não tens.
Se queres iluminar-me,
Apanha as estrelas e guarda-as
Para que,
Quando eu puder abrir os lábios,
Te fale do crepúsculo,
Que nunca escapa às verdes ramas das folhas do arvoredo.
Sou presa da noite
Pois que ela é quem prende todos os rebanhos que lhe pertencem.
Todo o mundo é o rebanho da noite...
Se queres iluminar-me, NOITE, apanha as estrelas na concha da mão
E guarda-as para que, quando eu acordar e conseguir abrir os lábios
Te possa falar do tal crepúsculo que me prendeu mas que não escapa nunca
Às ramas verdes das folhas dos arvoredos.
Eu sei do firmamento que nos ilumina
quer perto das ondas do mar
Quer na visível altura das montanhas
ou na placidez dos verdes vales
ou, ainda, na confusão das casas emaranhadas das ruelas das cidades...
Sou presa da noite mas tenho comigo a orla do mar azul e
O castanho resinoso das caravelas que partiram...
No entretanto desta prisão
Sei que os barcos deslizam com vozes silenciosas
Pois não querem acordar os “adamastores” nem “os mostrengos” odiosos.
Amanhã, já livre e pintada de sol dourado
Chamarei minhas palavras e continuarei o meu poema...
©Maria Elisa Ribeiro
Direitos reservados
MRÇ/2021
Pode ser arte

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