quarta-feira, 15 de março de 2023

António Nobre

 

António Nobre

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António Nobre
António Nobre
Nascimento16 de agosto de 1867
PortoPortugal
Morte18 de março de 1900 (32 anos)
Foz do DouroPortugal
NacionalidadePortuguesa
Ocupaçãopoeta
Principais trabalhosDespedidas
Movimento literárioDecadentismo
Assinatura
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António Pereira Nobre (Porto16 de agosto de 1867 — Foz do Douro18 de março de 1900), mais conhecido como António Nobre, foi um poeta português cuja obra se insere nas correntes ultra-romântica, simbolista, decadentista e saudosista (interessada na ressurgência dos valores pátrios) da geração finissecular do século XIX português. A sua principal obra,  (Paris1892), é marcada pela lamentação e nostalgia, imbuída de subjectivismo, mas simultaneamente suavizada pela presença de um fio de auto-ironia e com a rotura com a estrutura formal do género poético em que se insere, traduzida na utilização do discurso coloquial e na diversificação estrófica e rítmica dos poemas. Apesar da sua produção poética mostrar uma clara influência de Almeida Garrett e de Júlio Dinis, ela insere-se decididamente nos cânones do simbolismo francês. A sua principal contribuição para o simbolismo lusófono foi a introdução da alternância entre o vocabulário refinado dos simbolistas e um outro mais coloquial, reflexo da sua infância junto do povo nortenho. Faleceu com apenas 32 anos de idade, após uma prolongada luta contra a tuberculose pulmonar.

Biografia

“Ai quem me dera entrar nesse convento. Que há além da morte e que se chama a Paz!”

— António Nobre, Soneto n°18, in .

António Nobre nasceu na cidade do Porto a 16 de agosto de 1867,[1] numa família abastada que residia na Rua de Santa Catarina, 467-469, na época de seu nascimento. Seu pai era natural de Borba de Godim (Lixa), tendo aí vivido durante sete anos. Passou a infância em Trás-os-Montes, na Póvoa de VarzimLeça de Palmeira e na Lixa. Em 1888 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, mas não se inseriu na vida estudantil coimbrã, reprovando por duas vezes. Optou então por partir, em 1890, para Paris onde frequentou a Escola Livre de Ciências Políticas (École Libre des Sciences Politiques, de Émile Boutmy), licenciando-se em Ciências Políticas no ano de 1895. Durante a sua permanência em França familiarizou-se com as novas tendências da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo. Foi também em Paris que contactou com Eça de Queirós, na altura cônsul de Portugal naquela cidade, e escreveu a maior parte dos poemas que viriam a constituir a colectânea , que publicaria naquela cidade em 1892.

O livro de poesia , que seria a sua única obra publicada em vida, constitui um dos marcos da poesia portuguesa do século XIX. Esta obra seria, ainda em sua vida, reeditada em Lisboa, com variantes, lançando definitivamente o poeta no meio cultural português. Aparecida num período em que o simbolismo era a corrente dominante na poesia portuguesa coeva,  diferencia-se dos cânones dominantes desta corrente, o que poderá explicar as críticas pouco lisonjeiras com que a obra foi inicialmente recebida em Portugal. Apesar desse acolhimento, a obra de António Nobre teve como mérito, juntamente com Cesário VerdeGuerra JunqueiroAntero de Quental, entre outros, de influenciar decisivamente o modernismo português e tornar a escrita simbolista mais coloquial e leve.

No seu regresso a Portugal decidiu enveredar pela carreira diplomática, tendo participado, sem sucesso, num concurso para cônsul. Entretanto adoece com tuberculose pulmonar, doença que o obriga a ocupar o resto dos seus dias em viagens entre sanatórios na Suíça, na Madeira, passando por Nova Iorque, pelos arredores de Lisboa, pela então chamada estância do Seixoso (na Lixa) e pela casa da família no Seixo, procurando em vão na mudança de clima o remédio para o seu mal.

Monumento a António Nobre em Leça da Palmeira

Vítima da tuberculose pulmonar, faleceu na Foz do Douro, a 18 de março de 1900, com apenas 32 anos de idade, na casa de seu irmão Augusto Nobre, reputado biólogo e professor da Universidade do Porto.

Deixou inédita a maioria da sua obra poética. Apesar da morte prematura, e de só ter publicado em vida uma obra, a colectânea , António Nobre influenciou grandes nomes do modernismo português, como Fernando PessoaMário de Sá-CarneiroAlfredo Pedro Guisadoe e Florbela Espanca, deixando uma marca indelével na literatura lusófona.

Foi sepultado num jazigo no Cemitério do Prado do Repouso construído em 1907 pelo irmão Augusto Nobre, mas o corpo do poeta foi posteriormente transferido em 1946 para o cemitério de Leça da Palmeira, localidade onde tinha crescido.

Um monumento a António Nobre, desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira encontra-se perto da praia da Boa Nova em Leça da Palmeira. Está inscrito: «farto de dores com que o matavam / foi em viagens por esse mundo - a António Nobre, 1980». "Matar ou ser morridu"

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