Maria Gabriela Llansol
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Maria Gabriela Llansol | |
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Nome completo | Maria Gabriela Llansol Nunes da Cunha Rodrigues Joaquim |
Nascimento | 24 de novembro de 1931 Lisboa, Portugal |
Morte | 3 de março de 2008 (76 anos) Sintra, Portugal |
Nacionalidade | ![]() |
Cônjuge | Augusto Joaquim (1965) |
Ocupação | Escritora e tradutora |
Prémios | Prémio D. Dinis (1985) Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1990) |
Magnum opus | Um beijo dado mais tarde |
Maria Gabriela Llansol Nunes da Cunha Rodrigues Joaquim (Lisboa, 24 de Novembro de 1931 - Sintra, 3 de Março de 2008), mais conhecida, simplesmente, como Maria Gabriela Llansol foi uma escritora e tradutora portuguesa.
Biografia
Formada em Direito, que jamais exerceu, começa a publicar em 1962.[1] Entre 1965-1984, viveu, em exílio, na Bélgica, onde deu início, com O livro das comunidades, a uma obra, com mais de 26 livros, de gênero inclassificável, como se lê na “Nota biográfica”, incluída na edição brasileira de Um falcão no punho:
Na literatura portuguesa contemporânea, a obra de Maria Gabriela Llansol destaca-se com um perfil avesso à representação dominante no romance e a todas as formas de ortodoxia. Escrito sob o signo da ruptura, o seu texto estrutura-se de forma não linear e não sequencial, gerando frequentemente fulgurações, ou “cenas-fulgor”, que traduzem a descontinuidade temporal, a preferência pelo fragmentário e a experiência da metamorfose e da vibração do Vivo originalmente postas em linguagem.[1]
A experiência do encontro com a escrita llansoliana, e com a proposição que ela porta, se reflete na grande quantidade de produções acadêmicas, tais como trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses doutorais – dedicadas à obra llansoliana - uma rápida busca no acervo da Biblioteca da UFMG, por exemplo, mostra que, desde 1997, foram cerca de 18 trabalhos realizados acerca da obra llansoliana.[2]
Também pela quantidade de filmes, e outras produções artísticas, que nascem dessa experiência - por exemplo, o filme Redemoinho-poema, de Lucia Castello Branco e Gabriel Sanna.[3]
Sobre a escrita de Maria Gabriela Llansol
Conforme se lê na "Nota biográfica" dos Diários, publicados, no Brasil, pela Autêntica Editora, sua escrita se dá “nas margens da língua [...] e fora do universo institucional e mediático da ‘literatura’.[1]
Ainda nessa nota, lemos, de Augusto Joaquim, seu esposo e companheiro da escrita e de vida: “o mundo a que esta autora se refere é o nosso mundo e, no nosso mundo, aos problemas de fundo que o fazem tal como ele é: lugar por onde passamos à procura de amor e de sentido”.[1]
Tal afirmação coloca o texto de Llansol como uma experiência para além da adesão a verdades dadas de antemão, ou reservadas a uns poucos; pois, em carta a Eduardo Prado Coelho, lemos:
Desde sempre me tenho norteado pelo princípio do que o texto precisa de encontrar, não o leitor abstracto, mas o leitor real, aquele a que, mais tarde, acabei por chamar legente – que não o tome nem por ficção, nem por verdade, mas por caminho transitável.[4]
Se caminho transitável, não ficção ou verdade, afirma Llansol, ainda na carta citada, é desejo desse “texto tentar abrir no real da política actos mais frequentes de dom poético, de compaciência pelos corpos que sofrem, e de alegria pelos que amam”, propondo, aos legentes, a possibilidade de ajudar “a viver melhor e com menos impostura”.[4]
Assim, o texto de Maria Gabriela Llansol não pretende ser tão-somente como uma forma estética alheia à realidade, um puro experimentalismo. Ele se volta contra a impostura, e, por conseguinte, contra as ficções do mundo, e suas verdades. Como a ficção de que nos fala a autora na Carta ao legente, acerca dos "sem-terra" e daqueles que são desconsiderados pelos valores vigentes, os pobres:[5]
Legentes da dor sem saber ler. Desprovidos de actos voluntários, nasceram com fome./ E está estabelecido pela ficção (que não o texto) do mundo que passarão fome.[5]
E é nesse ponto de “companhias estelares”, dos “sem terra" e dos pobres, que o texto llansoliano se propõe como possibilidade de continuação de uma problemática:
Creio que os outros escritores “do meu ramo” já conhecidos ou ainda no começo, aqui e no Brasil, vão ter de pensar no modo como criar um espaço de vida, que não seja marginal a nada, mas um lugar real de escrita e de leitura.[4]
Afinal, como ela mesma afirma em entrevista a João Mendes, em 1995, quando se trata da textualidade, não cabe pensar em hereditariedade, mas em “continuidade de problemática”.[6] Problemática que, portanto, aponta para um caminho transitável e real: da escrita, da leitura e da vida, que, a partir do fulgor do texto, são vividas sem impostura, e são convite aberto.
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