quinta-feira, 5 de janeiro de 2017


De onde vêm as misteriosas explosões de rádio no Universo? Agora já sabemos


Em 2007 surpreenderam toda a gente como as explosões de rádio mais distantes no Universo. Agora identificou-se a localização destas fontes de luz. E o mistério passou a ser outro.
TERESA SERAFIM 4 de Janeiro de 2017, 20:12
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FotoO radiotelescópio Very Large Array no Novo México (EUA) DANIELLE FUTSELAAR
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Não, ao olhar para o céu, por mais limpo que esteja, não conseguimos detectar as rápidas explosões de luz de que vamos falar. Foi preciso usar muitos telescópios ligados entre si para descobrir de que sítio vêm do Universo. Nas revistas Nature e The Astrophysical Journal Letters, uma equipa internacional de cientistas revela agora que estas explosões de luz na frequência de rádio tiveram origem fora da nossa galáxia (a Via Láctea), mais exactamente numa galáxia anã muito longe de nós, a 3000 milhões de anos-luz de distância.
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Decorria 2007 quando o radiotelescópio Parkes, na Austrália, detectou umas misteriosas explosões de rádio. Este fenómeno veio a ser designado por “explosões de rádio rápidas 121102”. E, em Novembro de 2012, detectou-se o primeiro e único conjunto consecutivo de explosões, na constelação de Auriga, com o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico.

Mas permanecia a questão: de onde vinham afinal estas explosões, que duravam fracções de segundo mas eram muito energéticas? Sabemos agora que vieram de uma velha galáxia anã a mais de 3000 milhões de anos-luz da Terra. Fazendo contas, o Universo surgiu há 13.800 milhões de anos e a luz destas explosões levou 3000 milhões de anos a chegar até nós. O que significa que o Universo tinha então 10.800 milhões de anos desde o Big Bang – nessa altura, estavam a surgir no nosso planeta as primeiras células.

Para identificar a localização destas explosões foi preciso realizar observações em radiotelescópios de grandes dimensões, ao longo de 83 horas, distribuídas por seis meses em 2016. Primeiro, o radiotelescópio Very Large Array (VLA), no Novo México, nos EUA, detectou nove explosões de rádio isoladas.

Estas observações permitiram determinar a localização no céu das explosões e, em seguida, os cientistas apontaram para aí o telescópio Gemini Norte, no Havai, para obter uma imagem da luz visível (aquela que os nossos olhos vêem) do que se encontrava nessa região – e foi assim que identificaram uma galáxia anã muito ténue.

FotoO radiotelescópio Gemini Norte, no Havai DANIELLE FUTSELAAR

Depois, a equipa usou vários radiotelescópios espalhados pela Europa, Ásia, África do Sul, Estados Unidos e Austrália, ligados pela técnica da interferometria. Através destas redes de radiotelescópios os cientistas conseguiram localizar, por fim, a posição das explosões de rádio com uma precisão cerca de dez vezes superior à das observações anteriores. “Com este nível de precisão, obtivemos provas fortes de que a origem das explosões está fisicamente relacionada com uma fonte persistente de emissões de rádio”, afirma Benito Marcote, um dos autores da descoberta, em comunicado da Faculdade para Investigação da Astronomia da Holanda.

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