sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

72 anos depois, recordemos Auschwitz!


Auschwitz
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Auschwitz Alemanha Nazi campo de concentração y extermínio (1940-1945)
Campo de concentração/extermínio

Entrada para Auschwitz II-Birkenau, o campo de extermínio do complexo de Auschwitz.
Patrimônio Mundial da UNESCO





Coordenadas 50° 02' 09" N 19° 10' 42" E
Outros nomes Birkenau
Localização Oświęcim, Polônia
Operado por Alemanha (Allgemeine-SS)
soviéticos (NKVD – após a II Guerra Mundial)
Uso original Alojamentos do exército
Atividade Maio de 1940 – Janeiro de 1945
Câmaras de gás Sim
Tipo de prisioneiro Judeus, poloneses, prisioneiros soviéticos
Mortos 1.3 milhão (estimado)
Libertado por União Soviética - 27 de janeiro de 1945
Detentos notáveis Primo Levi, Viktor Frankl, Elie Wiesel, Maximillian Kolbe
Website Auschwitz-Birkenau State Museum

Nota: Se procura o município da Polônia, veja Oświęcim.

Auschwitz é o nome de uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia operados pelo Terceiro Reich nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto[1] perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1940, o governo de Adolf Hitler construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio nesta área. A razão direta para sua construção foi o fato de que as prisões em massa de judeus, especialmente poloneses, por toda a Europa que ia sendo conquistada pelas tropas nazistas, excediam em grande número a capacidade das prisões convencionais até então existentes.[1] Ele foi o maior dos campos de concentração nazistas, consistindo de Auschwitz I (Stammlager, campo principal e centro administrativo do complexo); Auschwitz II–Birkenau (campo de extermínio), Auschwitz III–Monowitz, e mais 45 campos satélites.[2]:50

Por um longo tempo, Auschwitz era o nome alemão dado a Oświęcim, na Baixa Polônia, a cidade em volta da qual os campos eram localizados. Ele tornou-se novamente oficial após a invasão da Polônia pela Alemanha em setembro de 1939. "Birkenau", a tradução alemã para Brzezinka (floresta de bétulas), referia-se originalmente a uma pequena vila polonesa que foi destruída para que o campo pudesse ser construído.

Em 27 de abril de 1940, Heinrich Himmler, o Reichsführer da SS, deu ordens para que a área dos antigos alojamentos da artilharia do exército, no local agora oficialmente nominado Auschwitz, ex-Oświęcim, fosse transformada em campos de concentração.[3] No complexo construído, Auschwitz II–Birkenau foi designado por ele como campo de extermínio e o lugar para a Solução Final dos judeus. Entre o começo de 1942 e o fim de 1944, trens transportaram judeus de toda a Europa ocupada para as câmaras de gás do campo.[4]:6 O primeiro comandante, Rudolf Höss, testemunhou depois da guerra, no Julgamento de Nuremberg, que mais de três milhões de pessoas haviam morrido ali, 2.500.000 gaseificadas e 500.000 de fome e doenças.[5] Hoje em dia os números mais aceitos são em torno de 1,3 milhão, sendo 90% deles de judeus. Outros deportados para Auschwitz e executados foram 150 mil poloneses, 23 mil ciganos romenos, 15 mil prisioneiros de guerra soviéticos, cerca de 400 Testemunhas de Jeová e dezenas de milhares de pessoas de diversas nacionalidades.[6]:62 [7] Aqueles que não eram executados nas câmaras de gás morriam de fome, doenças infecciosas, trabalhos forçados, execuções individuais ou experiências médicas.[6]

Em 27 de janeiro de 1945 os campos foram libertados pelas tropas soviéticas, dia este que é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, resolução 60/7, em 1 de novembro de 2005, durante a 42º sessão plenária da Organização.[8]Em 1947, a Polônia criou um museu no local de Auschwitz I e II, que desde então recebeu a visita de mais de 30 milhões de pessoas de todo mundo, que já passaram sob o portão de ferro que tem escrito em seu cimo o infame motto "Arbeit macht frei" (o trabalho liberta).[5] Em 2002, a UNESCO declarou oficialmente as ruínas de Auschwitz-Birkenau como Patrimônio da Humanidade.[9]



Índice [esconder]
1Campos
1.1Auschwitz I
1.2Auschwitz II – Birkenau
1.2.1O campo cigano
1.3Auschwitz III – Monowitz
1.4Subcampos
2Comando
3A vida no campo
4Processo de seleção e extermínio
5Experiências médicas
5.1A coleção de esqueletos judeus
6Fugas e revoltas
6.1Fugas e tentativas individuais
7Conhecimento dos Aliados
8Evacuação e libertação
9Contagem de mortos
10Prisioneiros notáveis
11Linha de tempo
12Pós-guerra
12.1Criação do museu
12.2O roubo da inscrição "Arbeit macht frei"
13Negacionismo
14Galeria
15Ver também
16Referências
17Ligações externas


Campos[editar | editar código-fonte]

Localização do complexo de Auschwitz e de outros campos na região Polônia–Alemanha.

O complexo de campos de concentração de Auschwitz era localizado administrativamente no extremo leste da província da Alta Silésia do Terceiro Reich, condado de Bielsko ( em alemão: Provinz Oberschlesien, Regierungsbezirk Kattowitz, Landkreis Bielitz), aproximadamente 30 km ao sul de Katowice e a 50 km a oeste de Cracóvia, como parte da área polonesa anexada pelo Reich nazista, abrangendo uma grande área industrial, rica em recursos naturais. Havia um total de 48 campos no complexo. Os maiores eram Auschwitz I, Auschwitz II–Birkenau e Auschwitz III–Monowitz ou Buna, um campo de trabalhos forçados. O centro administrativo do complexo ficava em Auschwitz I, onde cerca de 70 mil pessoas morreram, a maioria delas poloneses étnicos e prisioneiros soviéticos. Auschwitz II era o campo de extermínio ou Vernichtungslager, onde ao menos 960 mil judeus, 75 mil poloneses e 19 mil ciganos foram mortos. Auschwitz III-Monowitz servia como campo de trabalho para a fábrica Buna-Werke, do conglomerado industrial IG Farben. A SS-Totenkopfverbände, criada por Hitler em 1934 para a administração de campos de concentração, era a organização responsável pela administração geral. Essa organização atuava de forma independente dentro das SS, tendo suas próprias patentes e estruturas de comando. Três homens comandaram o complexo durante sua existência: o Obersturmbannführer Rudolf Höss entre maio de 1940 e novembro de 1943; Obersturmbannführer Arthur Liebehenschel entre novembro de 1943 e maio de 1944 e o Sturmbannführer Richard Baer, entre maio de 1944 e janeiro de 1945.[10]

O escritor e químico Primo Levi, sobrevivente de um ano de confinamento em Auschwitz III-Monowitz e autor de É isso um Homem?, livro clássico sobre Auschwitz, assim escreveu as condições de vida ali:


Nunca existiu um Estado que fosse realmente "totalitário". Nunca houve um lugar onde alguma forma de reação tenha deixado de existir, algum corretivo na tirania total, nem mesmo no Terceiro Reich ou na União Soviética de Stalin: nos dois casos, a opinião pública, a magistratura, a imprensa internacional, as igrejas, o sentimento por justiça e humanidade que mesmo dez ou vinte anos de tirania não puderam erradicar, tudo isso, de maneira maior ou menor, agiu como um freio. Apenas no "Lager" (campo) a restrição a algo era abaixo do não-existente e o poder destes pequenos sátrapas absoluto.[4] :5
Auschwitz I[editar | editar código-fonte]

Este era o campo original, que servia como centro administrativo de todo o complexo. A área – que abrigava dezesseis edifícios de um só andar – anteriormente havia servido de alojamento para a artilharia do exército. O Obergruppenführer-SS Erich von dem Bach-Zelewski, líder da polícia da Silésia, procurava um local para a construção de um novo campo, visto que os existentes estavam no limite de sua capacidade. Richard Glücks, chefe da Inspetoria dos Campos de Concentração (Inspektion der Konzentrationslager), enviou o ex-chefe do campo de Sachsenhausen, Walter Eisfeld, para avaliar a área. Ela foi aprovada, Himmler deu as ordens de construção e Rudolf Höss supervisionou as obras e se tornou seu primeiro comandante, com Josef Kramer como seu subcomandante.[4] :10, 16

Portão principal de Auschwitz I, onde se lê a frase "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta").

Os residentes no local foram despejados, incluindo 1200 pessoas que viviam em barracas ao redor dos quartéis, e foi criada uma área vazia de 40 km², que os alemães chamaram de "área de interesse no campo". Trezentos judeus residentes de Oświęcim foram requisitados e trazidos para trabalharem nas fundações. Entre 1940 e 1941, 17 mil poloneses e judeus residentes nos distritos ocidentais da cidade, adjacentes ao campo, foram despejados de suas habitações. Também foram ordenadas expulsões nas vilas de Broszkowice, Babice, Brzezinka, Rajsko, Pławy, Harmęże, Bór e Budy. A expulsão de civis poloneses cristãos era um passo na direção de estabelecer uma Zona de Exclusão ao redor dos campos, que serviria para isolá-los do mundo exterior e levar adiante o objetivo destinado a eles pela SS. Alemães e alemães étnicos nascidos fora do país ocuparam algumas das residências deixadas vazias pelos judeus, transportados para os guetos.[11]

Os primeiros prisioneiros (30 criminosos alemães trazidos de Sachsenhausen) chegaram em maio de 1940. Foram trazidos com a intenção de destiná-los a atuar como funcionários dentro do sistema prisional. O primeiro transporte de prisioneiros poloneses para o campo, 728 deles, incluindo 20 judeus, chegou em 14 de junho, vindo da prisão de Tarnów, no sudeste da Polônia. Eles foram internados no antigo edifício da Polish Tobacco Monopoly, vizinho à área, até que o campo estivesse pronto. A população foi crescendo rapidamente, à medida que o complexo recebia dissidentes, intelectuais e membros da resistência polonesa presos. Em março de 1941, ele tinha 10.900 prisioneiros, a maioria dos quais poloneses.[4] :10, 16

A SS selecionava alguns prisioneiros, geralmente criminosos alemães, como supervisores com privilégios (os chamados kapos) sobre outros internos.[12] Apesar de envolvidos em várias atrocidades em Auschwitz, apenas dois deles foram julgados no pós-guerra por seus comportamentos individuais, a maioria sendo considerada como não tendo outra escolha senão agir como agiram.[13] As categorias de prisioneiros eram distinguidas por marcas especiais em suas roupas: verde para os criminosos comuns, vermelha para os presos políticos e amarela para os judeus.[12] Judeus e prisioneiros soviéticos eram geralmente os tratados da pior maneira. Todos os prisioneiros tinham que trabalhar nas fábricas de armas associadas ao complexo, à exceção dos domingos, reservado para limpeza e banho. As duras condições do trabalho, combinadas com a pouca alimentação e falta de higiene, levaram a um crescimento considerável da taxa de mortalidade entre os presos. Dos primeiros 10 mil prisioneiros de guerra soviéticos internados, apenas algumas centenas deles sobreviveram aos cinco primeiros meses.[14]

Um corredor do Bloco 11.

O Bloco 11 de Auschwitz I era considerado "a prisão dentro da prisão", onde aqueles que quebravam as regras, tentavam escapar ou eram suspeitos de sabotagem eram punidos. Alguns prisioneiros eram obrigados a passar noites seguidas nas "celas verticais", pequenas celas de 1,5 , onde quatro deles eram colocados ao mesmo tempo, não tendo outra alternativa que passarem a noite toda em pé, saindo no dia seguinte novamente para os trabalhos forçados nas fábricas. No porão do bloco ficavam as "celas da fome", onde os aprisionados ali ficavam sem receber comida ou água até que morressem.[15] Lá também ficavam as "celas escuras", que tinham apenas um pequeno espaço na parede para respirar e portas sólidas; os prisioneiros colocados nestas celas permanentemente na escuridão iam gradualmente sufocando à medida que o oxigênio ia rareando dentro delas; às vezes, os guardas SS acendiam velas para fazer o oxigênio acabar mais depressa; muitos dos ali aprisionados eram suspensos com as mãos amarradas para trás por horas ou mesmo dias, o que fazia com que, ao passar do tempo, suas clavículas fossem deslocadas.[16]:26

Em 3 de setembro de 1941, o subcomandante SS-Hauptsturmführer Karl Fritzsch fez uma primeira experiência bem sucedida com seiscentos prisioneiros de guerra soviéticos e 150 poloneses, trancando-os dentro de um dos porões do bloco 11 e gaseificando-os com Zyklon-B, um pesticida altamente letal à base de cianureto.[17] Isto abriu o caminho para o uso do Zyklon-B como instrumento de extermínio em massa em Auschwitz, e uma câmara de gás e um crematório foram construídos, adaptando-se um bunker para isso. Esta câmara de gás operou entre 1941 e 1942 e cerca de 60 mil pessoas morreram ali; ela foi depois convertida num abrigo antiaéreo para uso da SS. A câmara existe ainda hoje, assim como o crematório, que foi reconstruído após a guerra usando os componentes originais, que permaneceram na área após a libertação.
Auschwitz II – Birkenau[editar | editar código-fonte]

Birkenau é o campo mais universalmente conhecido como Auschwitz, o campo de extermínio. Ali se aprisionaram milhões de judeus e ali também foram executados mais de um milhão de judeus e ciganos. Maior que Auschwitz I, mais pessoas passaram por seus portões que pelo campo original. Sua construção começou em outubro de 1941, para descongestionar o primeiro; foi construído para abrigar várias categorias de prisioneiros e funcionar como campo de extermínio nos moldes do imaginado por Himmler e pela cúpula nazista como a "Solução Final para o problema judeu", o extermínio dos judeus como povo. A primeira câmara de gás construída era conhecida como "A Pequena Casa Vermelha", uma pequena construção de tijolos convertida em instalação de gaseificação, colocando abaixo as paredes internas e construindo muros de tijolos no lugar. Ela tornou-se operacional a partir de março de 1942. Uma segunda construção, "A Pequena Casa Branca", também foi convertida em câmara algumas semanas depois.[16] :96-97, 101

Os nazistas haviam se comprometido com a Solução final desde 20 de janeiro de 1942, após a Conferência de Wannsee. Em seu depoimento no Julgamento de Nuremberg, em 15 de abril de 1946, o principal comandante de Auschwitz, Rudolf Höss, testemunhou que Heinrich Himmler havia pessoalmente lhe ordenado que preparasse o campo para este propósito:


No verão de 1941 eu fui convocado a Berlim pelo Reichsführer-SS Himmler para receber ordens pessoais. Ele me disse algo - eu não lembro as palavras exatas - sobre o Führer ter dado a ordem para a solução final da questão judia. Nós, a SS, deveríamos levar adiante essa ordem. Se ela não fosse cumprida agora, os judeus iriam no futuro destruir o povo alemão. Ele havia escolhido Auschwitz por causa de seu fácil acesso por trem e também porque a grande área em que ele se encontrava oferecia espaço para medidas que assegurassem o isolamento.[18]

Höss provavelmente enganou-se no ano, em seu depoimento, que na verdade deveria ser 1942. Himmler visitou Hoss em 1941, mas não há evidências de que a Solução Final já tivesse sido planejada nesta época. Mesmo a Conferência de Wannsee ainda não tinha sido realizada.[16] :53 As primeiras execuções por gás, usando Zyklon-B, ocorreram em Auschwitz em setembro de 1941.[17]

Sonderkommandos incinerando corpos em Auschwirtz-Birkenau em agosto de 1944.

No começo de 1943, os nazistas resolveram ampliar a capacidade de gaseificação em Birkenau. O crematório II, originalmente construído como câmara mortuária, com necrotérios no porão e fornos no mesmo nível do solo, foi convertido numa fábrica de assassinatos, colocando-se uma porta à prova de gás no necrotério e adicionando-se entradas para o Zyklon-B e aparelhos de ventilação para removê-lo depois das mortes.[19] Este sistema começou a funcionar em março. O crematório III foi construído usando o mesmo método. Os crematórios IV e V, já planejados exclusivamente como centros de gaseificação, foram construídos na primavera (abril – junho). Em junho de 1943 todos os crematórios estavam em operação. A grande maioria das vítimas foi morta após este período.[16] :168-169 Os corpos eram retirados por prisioneiros selecionados para trabalhar na operação das câmaras de gás e fornos crematórios, chamados de Sonderkommando; eram judeus obrigados a isto em troca de suas próprias vidas.

Os kapos e os Sonderkommandos eram prisioneiros com alguns privilégios: os primeiros tinham a obrigação de manter a ordem nos alojamentos e os segundos preparavam os recém-chegados imediatamente selecionados para morrer – geralmente as crianças, os anciãos e os doentes – para as câmaras de gás e depois transferiam os corpos para os fornos, antes retirando qualquer ouro que as vítimas tivessem em obturações dentárias. Alguns destes grupos, entretanto, também eram mortos periodicamente. Eram todos supervisionados pelos guardas da SS; cerca de 6 mil SS trabalharam em Auschwitz.

O comando no campo feminino, separado do masculino pela linha férrea que cortava Auschwitz, era feito em turnos por Johanna Langefeld, Maria Mandel e Elisabeth Volkenrath, as duas últimas executadas por crimes contra a Humanidade no pós-guerra.[20]
O campo cigano[editar | editar código-fonte]

Em dezembro de 1942, Himmler expediu uma ordem para que todos os ciganos nos territórios ocupados fossem enviados a campos de concentração, sendo Auschwitz um dos principais escolhidos para acolhê-los; até então eles estavam detidos em campos de internamento e guetos, como o Gueto de Lodz, para o qual cerca de 5 mil ciganos húngaros haviam sido enviados. Um campo separado para eles foi estabelecido em Birkenau, conhecido como Zigeunerfamilienlager (Campo Familiar dos Ciganos)[21]. A primeira leva de ciganos alemães Sinti chegou a Auschwitz em 26 de fevereiro de 1943 e instalados na seção B-IIe de Auschwitz II. O campo familiar ainda estava em construção na época. Ele viria a ter 32 dormitórios de seis alojamentos sanitários, com uma ocupação máxima de 20.967 homens, mulheres e crianças. Alguns deles que chegavam tinham tifo, o que os fez ser imediatamente levados às câmaras de gás, para evitar o surgimento de uma epidemia.

Quando da liquidação final do campo cigano, os remanescentes 2897 deles foram mandados para as câmaras de gás.[22]:73-74 O genocídio do povo cigano cometido pelos nazistas durante a II Guerra Mundial é conhecido na linguagem do povo cigano rom como "Porajmos" (O Devorador), o equivalente ao "Holocausto" judeu.[23]
Auschwitz III – Monowitz[editar | editar código-fonte]

Monowitz, também chamado Monowitz-Buna, foi inicialmente construído como um subcampo para Auschwitz I, posteriormente tornando-se um dos principais campos do complexo, englobando 45 subcampos menores na área a seu redor. Ele foi assim batizado por causa da vila de Monowice (Monowitz em alemão), localizada na parte anexada da Polônia, sobre a qual ele foi construído. Ele foi inaugurado em outubro de 1942 pela SS, a pedido dos executivos da IG Farben, para fornecer trabalho escravo para seu complexo industrial de Buna-Werke. O nome buna era derivado da borracha sintética derivada do 1,3-Butadieno fabricada por eles e do símbolo químico do sódio (Na), utilizado no processo de fabricação da borracha – Bu-Na.[24]

Fábrica da Buna-Werke ao lado de Auschwitz-Monowitz.

Várias outras indústrias alemãs construíram suas fábricas na área, para aproveitar-se do trabalho escravo proporcionado por Morowitz, criando seus próprios subcampos, como a Siemens-Schuckert e a indústria de armamentos Krupp AG, dirigida por Alfried Krupp, um membro da família e integrante da SS.[24]

Monowitz foi erguido como um campo de trabalhos forçados, que também continha um "campo de trabalho educacional" para prisioneiros não-judeus, num nível abaixo dos padrões de trabalho dos alemães. Ele abrigou cerca de 12 mil prisioneiros, a maioria deles judeus, mas muitos deles também presos políticos ou simples criminosos condenados. Eram emprestados pela SS para a Farben, para trabalharem na Buna-Werke. A SS cobrava três reichsmarks por hora da empresa por trabalhador não-qualificado, quatro por trabalhadores qualificados e ½ reichmark por criança.[25] Elie Wiesel, escritor judeu nascido na Romênia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1986, esteve confinado em Monowitz com seu pai, quando adolescente.[26] A expectativa dos trabalhadores judeus nas fábricas era de três a quatro meses; para aqueles que trabalhavam nas minas ao redor, apenas um mês; os considerados fisicamente inaptos para o trabalho eram enviados para as câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau.[27]
Subcampos[editar | editar código-fonte]

Prisioneiros fabricando partes de aviões na fábrica da Siemens no subcampo de Bobrek.

Ligados ao complexo havia mais 45 pequenos campos satélites, alguns deles a dez quilômetros dos campos principais, com um número de prisioneiros que podia variar entre algumas dúzias e dúzias de milhares. Os maiores foram construídos em Trzebinia, Blechhammer e Althammer. Subcampos femininos foram construídos em Budy, Pławy, Zabrze, Gleiwitz I, II, III, Rajsko e Lichtenwerden. Eram chamados de Aussenlager (campo externo), Nebenlager (campo de extensão) e Arbeitslager (campo de trabalho).[4]:17

Quase todos eram usados em benefício da indústria alemã, fornecendo trabalho escravo. Internos de 28 deles trabalhavam para a indústria de armamentos. Nove campos foram instalados próximo a fundições, seis perto de minas de cobre, seis forneciam prisioneiros para a indústria química e três para empresas de eletricidade. Um foi criado ao lado de uma indústria de materiais de construção e outro perto de uma fábrica de processamento de alimentos. Além da indústria bélica e de construção, presos também eram usados para trabalhar na silvicultura e agricultura.[4] :18

Comando[editar | editar código-fonte]

Devido a seu tamanho e papel chave no programa de genocídio nazista, Auschwitz abrangia pessoal de diversos ramos das SS, alguns deles se sobrepondo ou dividindo áreas de responsabilidade. No total, cerca de 7 mil membros das SS foram designados para servirem nele durante toda a existência dos campos. A principal autoridade geral ali era o Departamento de Economia da SS, conhecido como SS-Wirtschafts-Verwaltungshauptamt ou SS-WVHA; dentro do WVHA, era o Departamento D que comandava diretamente as atividades em Auschwitz.[28]

O pessoal de comando, que vivia no local e tocava as atividades do complexo, era todo pertencente à SS-Totenkopfverbände ou SS-TV. Graças a uma diretiva do SS Personalhauptamt de 1941, os membros da SS-TV eram todos considerados membros efetivos das Waffen-SS. A Gestapo também mantinha um grande escritório em Auschwitz, com funcionários e oficiais uniformizados. O campo também tinha um corpo médico, comandando pelo SS-Standortarzt Eduard Wirths, cujos médicos eram todos de algum dos vários ramos da SS. O Dr. Joseph Mengele por exemplo, que trabalhou neste corpo, antes de servir em Auschwitz era um médico de campo de batalha das Waffen-SS até ser transferido por causa de um ferimento.[29]

Rudolf Höß, comandante de Auschwitz entre 1940–43 e 1944-45, durante seu julgamento em 1947.

A ordem interna no campo estava sob a autoridade de outro grupo SS, que respondia ao Comando do Campo através de oficiais chamados de Lagerführer. Cada um dos três campos principais de Auschwitz era designado a um Lagerführer, a quem respondiam os SS conhecidos como Rapportführers.[30] Estes comandavam os Blockführers que cuidavam da ordem nos alojamentos individuais. Ajudando os SS nestas tarefas estavam os kapos, prisoneiros confiáveis com alguns privilégios.[31]

O pessoal da SS designado para as câmaras de gás estava tecnicamente sujeito à mesma cadeia de comando dos outros, mas na prática eram segregados e trabalhavam e viviam na área dos crematórios. Normalmente, havia quatro SS para cada câmara de gás, comandados por um oficial não-comissionado, que supervisionava cerca de cem prisioneiros judeus (os Sonderkommandos) forçados a assistir a todo o processo de execução e cremação. A gaseificação das vítimas eram sempre feita por uma guarnição especial da SS conhecida como "Divisão de Higiene", que levava o gás Zyklon-B até as câmaras numa ambulância e então o injetava dentro delas pelos buracos existentes nas paredes. A "Divisão de Higiene" ficava sob o comando do corpo médico de Auschwitz.[32]

A segurança externa do campo ficava a cargo do "Batalhão de Guarda (Wachbattalion), formado por oito a dez companhias;[31] estes guardas ocupavam as torres de observação ao redor do complexo e patrulhavam as cercas do perímetro dos campos; no caso de alguma emergência, como uma insurgência de prisioneiros, o Batalhão podia ser enviado imediatamente para dentro de algum campo assim que houvesse necessidade.[28]

A SS também era composta de pessoal dedicado apenas a trabalhos administrativos e da área de alimentação e mantimentos, geralmente servindo fora das partes dedicadas ao genocídio, alojados em escritórios burocráticos existentes no campo principal. Em Auschwitz também existia um arsenal, do qual todos os soldados e oficiais podiam dispor de armas e munições, apesar de que muitos deles usavam e portavam suas próprias armas e pistolas.

Além do comando local, Auschwitz também recebia ordens diretamente de outros órgãos da SS e do Estado Nazista. Ele era localizado na Alta Silésia, sob domínio nazista e sob controle geográfico de um gauleiter correspondente. Além disso, o campo era subordinado ao Chefe da Polícia e SS daquela região, e por várias vezes recebia ordens diretas do SS-Reichssicherheitshauptamt (Escritório Central da Segurança do Reich) ou RSHA, que era um departamento-chave dentro das SS envolvido no programa de genocídio. Heinrich Himmler era conhecido por enviar ordens diretamente ao comandante de Auschwitz passando por cima de toda a cadeia de comando, em resposta a suas próprias diretrizes. Himmler também ocasionalmente recebia instruções gerais de Adolf Hitler e Hermann Göring, que ele interpretava como achasse melhor e transmitia diretamente ao comandante de campo em Auschwitz.

A vida no campo[editar | editar código-fonte]

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