Poema meu (OBRA REGª)

Poema:


COMPROMISSO
*
Perco-me nos cadernos antigos, onde escrevi
versos nus, a flagelarem os sentidos
vivos
despertos
feridos

*Lá estão os crepúsculos da minha origem.
Neles reinam voos de gaivotas
que, na ponta dos bicos, traziam a noite
e se escondiam na fuligem-neblina
do dia
da noite
da aurora a despertar

*Dói-me a mágoa sibilante dos antigos fonemas
intrigados com a cor dos velhos cadernos amarelecidos.
*
Sinto-me comprometida com os versos que escrevo
…que ainda escrevo…
comprometida e presa
às grades linguísticas
do que neles pude viver

*Sim, porque os meus versos têm vida! São vida!
Neles há o Tu-que-escrevi
e o Tudo que-em-Ti-vivi!
Há o tempo que passou sobre o beijo que recebi,
quando renasci-em-Ti!

`*Nada disto cabe inteiro no simples conjunto de sílabas,
de palavras e de versos
de um qualquer poema, que possa ter escrito…
porque o verdadeiro poema, Tu mesmo,
ninguém o sabe redigir…

Maria Elisa Ribeiro
DEZ/015