domingo, 29 de janeiro de 2017

Poema meu (OBRA REGª)





























QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA

(O Tempo tem a minha Idade)





Dias há, em que desperto mais cedo que o sol. Mesmo assim, sei que a noite decorre de olhos vigilantes, abertos, à espera das primeiras claridades das alvoradas de trabalho.

Quando o sono me nega o ficar nos braços de Morfeu, levanto-me, abro a janela e respiro o aroma da terra, trabalhada por mulheres que vêm plantar o milho, numa leira , à beira da estrada, com uma fé como se acreditassem que, nas pedras a monte, um ventre morto pudesse dar à luz.

A terra, cheia de acácias vivas e coloridas, promete-me sombra, quando o sol me olhar bem de frente, potente e sedutor.

Do outro lado-longe, está o mar, que olho sem o ver. É o momento de imaginar os mil brilhos do luar, desejoso por ver as águas a revoltear, tão lutadoras como semeadoras de milho, na leira, perto da estrada, em frente à minha janela aberta.



Ao olhá-lo, medito e penso

que, talvez seja ele a fonte que traz

e que leva todos os meus sonhos…



Palavreamos noite dentro. Eu, queixando-me;

Ele, desatento, sem dizer nada

que me sossegasse o pensamento.



(Terra e água com o ar ,dentro.)



E o Fogo?

Ei-lo que começa a brilhar por detrás das colinetas, em tons vermelhos e dourados, permitindo-nos ouvir a melodia das flores a abrir, das ervas a escorrer orvalho, dos passaritos encantados em alegres revoadas.





(É a hora da Idade do Tempo.)



O Tempo tem a minha idade, e eu respondo-lhe

com a suavidade do silêncio dos sonhos,

que ainda não pude dormir…

No ventre da Terra já dormem e crescem

os pés de milho…ali…à beira da estrada…naquela leira

feita ventre, na terra húmida, encantada…







Maria Elisa Ribeiro



Out/016

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