"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Poema meu
Poema
Poema
DO TEMPO DA PALAVRA…
Nasci no tempo da Palavra.
Com ela pude ver maravilhas da natureza, flores a enfeitar a mesa,
espíritos adormecidos no tom baço do velho espelho,
(testemunho dos infindáveis passos, dados em seu redor,
na madeira carcomida do antigo corredor da vida.)
Com a Palavra vivi ondas da liberdade do ar…e do mar-a-bramir…
A Palavra que me visita é uma nação valente e imortal,
que revivo, cantando-a como sei, na obediência
a uma lei própria que vem do interior da lírica minha,
como andorinha que , por instinto sabe, onde construir o ninho.
Meu poema é arquitectura onde, em construção,
copulam ideias, com pontuação ou não…com rima e métrica…
ou talvez não!
Das sílabas, copuladas com as ideias, surgem, como rebentos,
versos que compõem cantatas de amor,
como ramos a florir de uma árvore a despertar…ou talvez não…
Não sei construir catedrais sem regras lexicais!
Mas sei da efervescência das flores…
…sei dos brincos-de-princesa a adornar cantigas de amor…
…sei dos versos de liberdade que cantam as flores-de-lótus,
quando abrem nos pântanos ,livres e multicolores,
a olharem as azedas
que gostam de impor seu amarelo fluorescente,
na boca dos trovadores!
Sei do tempo de todos os tempos da minha Palavra…
e escrevo como sua escrava…como quem quer ser escritor…
…ilimitada…limitada…infinita-no-meu-finito, onde encerro sonhos…
Cerro as pálpebras.
O nevoeiro matinal é Hoje…
Soergue-se, na vastidão da pele da terra, onde desaguam
---------------lágrimas de orvalho, que falam palavras imponentes
------------------nas raízes de um novo carvalho…de um sobreiro…
------------------…ou de um pinheiro que foge e vai pelo mar dentro
------------------------deixando palavras grávidas-de-Sonho no Restelo de Belém…
Dói-me a Palavra…
dói-me a Poesia, instalada na passagem abrupta
entre o espírito e o lusco-fusco de uma qualquer madrugada…
Maria Elisa Ribeiro
Fev/015
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