domingo, 26 de janeiro de 2014

POEMA:









Poema :


INDEFINIDOS ( II )


Um transpirar de sedentas flores…
Um deslizar de águas em terras áridas…
Um rastejar de espumas serpenteantes
num bramir de ondas imponentes…
Um manto de estrelas a cobrir-me a pele…

Uma seiva esvai-se, límpida e borbulhante, pelos flancos da montanha…
Uma guitarra-violino canta a minha guerra-de-ser…
Um voo pelas tuas veias
que florescem como flores enamoradas
nas asas em-que-te-prendo…

Um dormir lânguido, a teu lado, repousada…
Um respirar calmo do teu sangue…
Um prender os teus dedos, num enlace…
Um beijar teu rosto embrulhado no pó das fadas
que amaram , nas rochas…


(Um intervalo um recordar…)


Um semear o trigo à hora certa em que Florbela
canta, encantando marés de oiro, no Alentejo …

Um lavrador de Torga que cava regos telúricos,
com a devoção do momento de uma mística comunhão …



(Um intervalo um saborear…)


Um escrever um poema a recordar uma-verdade-minha
perdida ,no inigualável branco-luar…


(Poeta – sem- intervalo – na-hora – de-intervalar…)


E um corpo-mulher-sabe-a-ti
na aurora das manhãs…
dentro da hora do adormecer -a-escurecer ,

quando a fruta-flor morre,
numa infância
que acabou de desaparecer…



Marilisa Ribeiro-DEZ/011-C14/ O

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