domingo, 23 de setembro de 2012

MEDITAÇÃO: O Tempo das folhas cadentes…(REP) Chegou o Outono. Falo dele, assim, com simplicidade e cumplicidade, como se fala de alguém que, há tempos, não vemos e que, de repente, nos visita. Para mim, é uma das épocas mais lindas do ano, a par da Primavera! Ele é o tempo de olhar um céu mais dourado, sem ser escaldante e é o tempo que mais me convida à reflexão. Lembra, no entanto, a transitoriedade da VIDA; lembra que estamos mais velhos, a caminhar para a degenerescência…Só os deuses lhe escapam! Em contraponto, a NATUREZA que “morre”, tem consciência do seu rejuvenescimento, dentro de pouco tempo. Ela voltará a ser, no devido momento, uvas maduras, nozes secas a apanhar e tantos outros frutos a colher… Estou a ler uma obra de PABLO NERUDA, poeta, pensador, talvez filósofo, um pouco ensaísta, que “viveu” o Outono de todos os anos da sua vida, de forma inigualável, sofrendo as rugas mas puxando, sempre, por ele, como se puxa por uma árvore que queremos que reviva e regenere. Para NERUDA, o OUTONO não é o fim de uma fase, simplesmente, mas sim e apesar de tudo, o começo de outra nova fase… E leio estes “versos-pensamentos” que passo a citar:”O tempo/divide-se/ em dois rios:/um/corre para trás, devora/ o que vives, / o outro vai contigo adiante/ vasculhando/ a tua vida. /Num só minuto /se juntaram. / É este!” A cada um de nós, o seu OUTONO. Não é que uma mudança de calendário, por si só, altere completamente a VIDA; mas… não vá o diabo tecê-las, não custa nada meditar sobre a mesma, em alturas mais apropriadas. Por natureza e temperamento, sou “anti-calor- excessivo” e “anti-dias- longuíssimos que nunca-mais- acabam”! Raciocino e “movo-me” melhor, em todos os sentidos, nos dias mais pequenos, ventosos, pouco solarengos, com as folhas das árvores a caírem a esmo, sem dó nem piedade do Tempo; gosto da melancolia não depressiva desta NATUREZA mais nua, enquanto que eu faço precisamente o contrário, vestindo mais qualquer coisa, sentindo-me mais quente com o calor natural da minha vida psíquica, espiritual e interior. Muita gente discordará de mim e é até capaz de me chamar “burra”! Mas… se todos fôssemos iguais e pensássemos as mesmas coisas, o Mundo não poderia SER! Há que amar outras cores de PENSAR! Não posso deixar-vos ouvir a música de VIVALDI, “AS QUATRO ESTAÇÕES”, ao som da qual vou escrevendo… Deve ser daí que advém esta vontade de comunicar, em tom intimista e confessional. E continuo com o tema: penso que, nesta estação do ano, as pessoas, quer as públicas quer as privadas, as que fazem a nossa felicidade relativa e as que, com o seu trabalho, talento e sabedoria, ensinam a fazer dos dias algo bonito e compensador, têm outra cara. Quase sem o querermos, se por um lado os nossos rostos reflectem as preocupações do dia-a-dia, por outro, denota as características próprias de uma mudança de Estação. Penso que temos poses faciais e gestuais diversas, de acordo com a passagem das Estações do ano, pela nossa vida. Muito me fica por dizer pois, apesar de longo, este texto não é mais que uma rápida reflexão; muito fica por dizer sobre projectos por cumprir, ideias por concretizar, coisas que começámos e não acabámos… Talvez porque, para o ano, talvez haja mais Outono para cumprir… “NADA É TÃO NECESSÁRIO AO HOMEM COMO UM POUCO DE MAR/ E UMA ORLA DE ESPERANÇA PARA ALÈM DA MORTE.”(BLAS DE OTERO”) SETEMBRO DE 2011-06-01

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