domingo, 1 de janeiro de 2012

POEMA: SUSSURROS, A FLUTUAR...

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SUSSURROS, A FLUTUAR…


Que pena de perder um sussurro a flutuar
no respiro ofegante de um leito de luar!

Deíficos cheiros telúricos…odor a terra molhada…
Incentivos ao orvalho-vida rendado
das teias tecidas entre ramos fulgurantes
de árvores pujantes.

Lendas de moiras e damas desprendem-se das tramas
das memórias medievais,
que por aqui cavalgam em histórias ancestrais.

No cume da imponente montanha,
por entre as silvas das ruínas,
desfez-se o castelo d’outras eras
ao som de guerras estranhas e de ventos imponentes de lendas tamanhas.

Vagueiam sedas do corpo, imersas em nostalgias.
As palavras saem mudas de minha boca fechada…
Perdem-se no chão de desejos e estranhas magias…
Meu leito perdeu-me…está comigo, sem mim,
nos braços teus que não estão aqui…

A chuva, indiferente, bate nas janelas.
Gotas de água rebentam, como espadas de saudade,
na grandiosidade de um místico temporal.
Sinto o frio da não-dádiva…
Não consigo abrir o peito para me acomodar, em mim…
A Vida suspira e afasta as lendas feitas pedras, do caminho
onde os lábios da existência se fecham à turbulência dos sentidos.

Meu olhar, apagado, perde o fogo de um
amanhecer perturbado…
Minhas Horas são espectros dos sussurros
das lágrimas desperdiçadas
longe de ti, amor.

Fecho-me no meu castelo…
Cai a chuva…não há luar!


R-C13N-1- (ERT) -JAN/012
Marilisa Ribeiro
( o primeiro poema de 2012)

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