segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poema em Prosa!





 QUANDO A PROSA ME INVADE A POESIA

(O OLHO DA MEMÓRIA)-Texto em PROSA POÉTICA
Ficou, na memória, um olho a piscar às luzes das recordações registadas entre velhas folhas do impoluto rascunho,
que considero ser a primeira página, em directo,
do Passado-que-hoje-é-Presente.
Nos meus dias me sento,nos meus sonhos medito a vibração da árvore interior,
onde guardo a vida das coisas que não consigo ler
porque as palavras cheiram apenas a ti,
e só de ti se recordam,
na luz dourada das folhas que tremem e no vento constante
que persiste em recordar todas as histórias, que nem de memória somos capazes de viver...
No persistente sol-posto de todos os pores-do-sol existentes, viro a página da insuportável lista do índice de lembranças
que foram passando por nós
quais cavalos galopantes a saltarem águas frescas dos dias escuros,- sem uma sombra de literatura que pudesse refrescar a colina da nossa inclinada vida.
A poeira dos tempos
_____________vai ficando para trás,
dentro de nós…
Tu vais ficando
para trás, dentro da Vida
Ambos vamos ficando tristes…assim…
As lembranças, no olho da memória,
vão, igualmente,
ficando para trás…lá-Longe…mesmo que dentro de nós.
Pelo horizonte, passa um rasto de Primavera, num sulco de azul-mar que atordoa a mão de um poeta,
que teima em desbravar teias de orvalho das palavras,
que vieram para ficar.
As maçãs e as pêras do Outono apodrecem nos dias cada vez mais velhos e cansados,
como se sofressem a dor de trabalhos forçados.
As uvas, essas não precisam de ter memórias…Aparecem do nada…chegam na hora certa, escondidas nas ramas das vinhas, nos socalcos e nos campos.
O seu perfume fica, de ano para ano, nas papilas gustativas de um poema, que já não tem idade…
como BACO,
engrinaldado de mosto que o leva pela vida fora, sem que tenha que recorrer ao olho da Memória…
Maria Elisa Ribeiro-Portugal
Agosto /2016

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