segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Poema de minha filha Susana Duarte

 












costumava vestir-te do lado avesso da pele.
trazer-te comigo, era trazer-te em mim,
costurado por dentro, alinhavado
nas margens do corpo.
vestia-te,
e sabia-me parte da tua própria pele.
tinhas a forma obcordata das folhas
raras, e as vestes verdes
da primavera.
olhava-te,
e sabia que me vestias de ti. era do lado
avesso da pele, onde te sabia
carne, fruto, e eternidade.
vestia-te,
e o mundo residia
nesse limbo de pele.
no lado avesso da minha.
Susana Duarte
2014

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