sexta-feira, 11 de agosto de 2017

VERGONHA!!!!!!!!!!!!!



Nem sei bem por onde começar a falar de Oeiras. Talvez por aquilo que nem todos sabem: estamos no concelho onde o nível médio de educação da população é mais elevado do país. Em Oeiras 30,7% dos habitantes tinham o ensino superior, de acordo com o censo de 2011, quando a média nacional era de apenas 13,8%. Só em Lisboa superava Oeiras neste indicador Oeiras, com 31,1% de licenciados. Só que em Lisboa há muito mais habitantes com pouco ou nenhuma formação (27,1% só têm, na melhor das hipóteses, o 1º ciclo do Básico, contra apenas 20% em Oeiras). Mais: o concelho de Oeiras era mesmo, nesse censo de 2011, o único do país onde mais de metade da população tinha concluído pelo menos o ensino secundário (53%, contra uma média nacional de apenas 30,5% e acima dos 49,1% em Lisboa).

Ou seja: o que quer que aconteça nas eleições naquele concelho não acontecerá por falta de formação e educação da sua população. Mas será que sucede por a essa formação e educação não corresponderem bons níveis de rendimento? Também não. De acordo com os cálculos do INE, em 2013 (últimos dados disponíveis) o poder de compra per capita de Oeiras era 80,7% superior à média nacional. Só Lisboa tinha um indicador melhor, pois o poder de compra na capital mais do que duplica a média nacional. Cidades como Cascais ou o Porto ficavam claramente atrás de Oeiras.

Temos assim que o concelho mais educado do país e o segundo com mais poder de compra se preparava para reeleger como presidente da Câmara Isaltino Morais, alguém condenado por fraude fiscal e branqueamento de capitais. E escrevo “preparava” porque um juiz entendeu recusar a sua candidatura com base em irregularidades formais. Não sei como esse processo terminará, mas não tenho muitas dúvidas de que Isaltino iria ser coroado de novo em Oeiras – e que sê-lo-á se a sua candidatura acabar por ir por diante. E não tenho dúvidas porque os oeirenses já o reelegeram em 2005 e 2009 quando já havia muitas dúvidas sobre a sua probidade e era arguido em vários processos, tal como depois elegeram em 2013 o seu número dois, alguém que concorria numa lista com o seu nome. O que significa que apenas iriam reincidir.

Mas este é apenas o começo da história. A continuação conheceu esta semana o rocambolesco episódio da recusa das listas encabeçadas por Isaltino por um juiz que foi secretário da concelhia do PSD no tempo em que o seu principal rival nestas eleições – o seu antigo benjamim Paulo Vistas – ocupava a presidência desse órgão. Pior: o dito juiz é afilhado de casamento desse mesmo Paulo Vistas mas não achou que essa sua proximidade a um candidato lhe impunha pedir escusa quando lhe tocou avaliar a validade das listas candidatas. Pior ainda: não se sentiu inibido para tentar barrar, na secretaria, a candidatura de Isaltino, existindo até a indicação de que numa anterior ocasião decidiu de forma diferente quando confrontado com o mesmo tipo de alegada irregularidade na recolha de assinaturas por… Paulo Vistas.

Satisfeitos? Já acham bastante para o “concelho mais educado do país”? Pois então deixem-me acrescentar que o pesadelo não acaba aqui.

Começando por Paulo Vistas, actual presidente da câmara e que era tido como o principal rival de Isaltino Morais, temos de recordar que ele foi também o principal suspeito na investigação às ruinosas PPP de Oeiras. Não consegui apurar em que estado se encontra este processo, só sei que essas PPP municipais foram mesmo um mau negócio para o erário público.
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Dias em que me envergonho do meu país
Primeiro Isaltino. Depois o triste caso do juiz. A seguir o passado cheio de sombras das alternativas. Oeiras é um retrato do pior do país. Mas que ...
OBSERVADOR.PT

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