domingo, 23 de dezembro de 2012



POEMA:

CHAMAMENTO



Parece acontecer
sempre à hora de abrir a janela à magia do sol,
que já cobre a serra de quente luz doirada.
Movem-se lentamente as cortinas,
por força das brisas ondulantes
das aragens permanentes.
É uma espécie de chamamento…místico…envolto
em sombras da memória, que aparece, naturalmente,
a recordar horas de glória, quando corríamos pelos silvados
com a força da alma impressa nos passos dados…estouvados…coloridos…

A serra chama-nos, porque a natureza recorda os ventos de emoções,
dos recuados tempos da nossa história…

São, ainda, momentos recortados na copa das árvores
que eu desenho em palavras-de-papel ,que vão secando
à janela da vida, num rastilho de sonhos,
acompanhados pela eterna claridade de uma música
que nos não cabia nas mãos, então entrelaçadas na sinfonia do olhar.

Passam-me, em frente à janela, passaritos esvoaçantes
a cantar a verdade do sol que, para eles, é hoje como foi antes…
No nevoeiro que se levanta das orlas do vale, diluíram-se
as impressões digitais dos nossos sentidos,
amontoados em versos de poemas dispersos pelos ventos
do chamamento,
dos tempos sobressaltados por noites
de cenários milenares…

Amo esta sensação mágica do chamar por ti
a deslizar pelas sombras das vivências, em golfadas de solidão
dos tempos perdidos , guardadas nos espaços da memória da serra…

Se o ouvires…restituiremos à luz da manhã a serenidade
-do-momento-interrompido pelo alto mar de um milagre adormecido…



Marilisa Ribeiro-DEZ/012-CP15-(VDS)

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