quarta-feira, 9 de maio de 2012

DE TUDO UM POUCO...A cimeira da CPLP, em Luanda, sobre o desacordo ortográfico...

DE TUDO UM POUCO…

“Não escrevo em outras línguas, pois muitos não entenderão, escrevo em Português, para todos saberem!”

Dandara Medeiros

A cimeira de Luanda da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), no dia 30 de Março/012, teve como fim discutir a oportunidade do novo Acordo Ortográfico (AO) e todos, na acta final, escreveram PORTUGUÊS, a língua que alguns, de entre nós, portugueses, querem que se desaprenda; e de tal modo que, à revelia de todo o tipo de ética, já os nossos filhos e netos estão nas escolas, a aprender “essa coisa”, misto de inconsciência e de ignorância linguística a que chamam português, assim…com letra minúscula.
E aqui, cito uma ideia da nossa escritora Agustina Bessa-Luiz (ABL) que, por sua vez foi citada num artigo do “PÚBLICO”, no dia 3 de Maio (página 46) : “Onde não há inocência, pode haver pecado; mas onde não há sabedoria, há sempre desgraça.”
Acontece que nessa cimeira esteve, também, como seria de esperar, o Ministro da Educação de Portugal, Nuno Crato. Deve ter falado, na cimeira…Não me lembro se falou, quando chegou a Portugal, na volta de Luanda…
Nas semanas que precederam esta reunião dos ministros da Educação dos países, nossos irmãos de Língua, Angola esforçou-se por mostrar o seu desagrado por este “AO” tendo feito sair, no influente JORNAL DE ANGOLA, um artigo em que se afirmava o desacordo com a atitude unilateral de Portugal de “obrigar” os povos falantes e escreventes de Português a mudarem a identidade nacional da Língua. Diziam os angolanos, nesse artigo, que ninguém, nenhum país da CPLP” tem mais direitos ou prerrogativas, só porque possui mais falantes ou uma indústria editorial mais pujante”…e mais: …” queremos a Língua Portuguesa-assim, com letras maiúsculas!-que brota da gramática e da sua matriz latina…e se o étimo latino impõe uma grafia não é aceitável que através de um qualquer acordo ela seja, simplesmente, ignorada…devemos, antes de mais, respeitar a matriz do Português e não deixar que ela possa ir a reboque de um difícil comércio das palavras.” Vergonha! Devia corar de vergonha essa coisa que dá pelo nome de Governo de Portugal! E esse senhor que, sendo também escritor de Português, que se chama Nuno Crato e até é ministro da Educação deste país, se submeteu, por ambições de poder, a aceitar pôr em prática essa aberração, essa mixórdia de degradação linguística em que se transformou a nossa Língua!
É sabido que num artigo aqui publicado, há dois meses, mais ou menos, tratei esta matéria, com o espírito crítico de revolta, próprio de um Professor de Português, que o serei SEMPRE! É conhecida a minha vontade expressa de continuar a escrever na Língua que aprendi e ensinei!
Podem os editores de um e de outro lado do Atlântico esfregar as mãos de contentes pelo “negócio”, mas o seu ganho é uma realidade minúscula à luz do nosso prejuízo maiúsculo. Não vou sequer entrar ou discutir teses sobre a etimologia ou a fonética, porque disso tratarão os linguistas. Podem obrigar os alunos e o restante povo a esquecer as consoantes mudas…o que não podem é calar a voz do mal-estar , com forte acento gráfico e um hífen gravado entre o “anti” e o tal “acordo”, feito entre eles…A disciplina partidária reinante no nosso presente político-parlamentar obrigou a votar um ABSURDO…impô-lo nos livros que estão a ensinar as primeiras letras e não só, aos nossos filhos, é crime! Os cidadãos portugueses e de expressão portuguesa estão a aprender a deixar de saber escrever… Que a atitude dos nossos amigos de ANGOLA sirva de exemplo e que os portugueses se manifestem sobre se querem a mixórdia anti- pessoana…Mas como isso seria uma atitude democrática…não sei se “eles” quereriam que o povo se pronunciasse…
Os homens incultos das caravelas expandiram por todo o mundo uma Língua- Mãe que tem que ser respeitada, como factor de identidade nacional que, no dizer de PESSOA, “ uniu…já não separou….”Penso que não há paralelo nem precedente em qualquer grande língua de grande cultura uma situação como esta, tão difícil de qualificar. Mesmo os ingleses que, como nós , tiveram a Língua como elemento de união com os países onde estiveram ao longo dos séculos, são a favor da evolução linguística, aceitando as características adaptadas pelos falantes da COMMONWEALTH, sem revolução linguística. Dizem eles “ EVOLUTION RATHER THAN REVOLUTION”!(evolução sim, revolução não!)
O facto do AO não suscitar consensos e de a defesa da nossa Língua estar consignada na CONSTITUIÇÃO, a par da Lei de Bases do Património Cultural, o facto de o AO estar a viver num mar de erros de ortografia, tudo isso e muito mais, deveria suspender, imediatamente, este processo vergonhoso de quem esqueceu que a nossa Língua tem identidade marcante, no contexto do mundo cultural.
A Angola, agradeço a luta encetada! Por mim, que nada sou, estou a vosso lado!


Mealhada,9 de Maio de 2012

Maria Elisa Ribeiro
Maria.elisa.ribeiro@iol.pt
http://lusibero.blogspot.com

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