segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Texto de Rui Guerreiro, no Facebook

 ANTÓNIO LOBO ANTUNES

Rui Guerreiro 3 horas 
A criatividade é a bola que teimo em chutar com a mesma alegria e euforia com que parti a janela da minha tia, só porque vi nos cortinados a baliza escancarada e, na aflição da minha prima o guarda-redes de braços no ar. Ser assim, destravado de raciocínio é ter a religião e o inferno aqui dentro e querer fugir ao mesmo tempo para os braços da minha mãe. É ter o Vesúvio a cuspir cinzas e lava sobre tudo o que mais amo e não mostrar medo a ninguém, cara de poker. É viver ao abandono do talvez, por ser a suposição o vento que me levanta do chão em papagaio, porque, acima das nuvens tudo é possível, até confiar. Ser assim é nascer e morrer sem poder viver em liberdade plena, por ser refém desta incerteza, prisioneiro na masmorra que é esta minha cabeça que não me deixa escapar, por estar ao cimo da torre de menagem da minha existência, à altura de todas as outras cabeças no ar. Ser assim é morrer de angústia a cada pôr do sol, apenas por ser o sono mais uma forma de abandono igual a outra qualquer. É nascer vezes sem conta, por ser a alvorada a melhor pincelada ou a melhor aguarela de Deus.
Parabéns ao Mestre, que fará centenários e milénios ✍️
Rui Guerreiro
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