segunda-feira, 29 de abril de 2024

POEMA

 POEMA: ESCREVO.

ESCREVO
Sempre que escrevo algo deve acontecer
Sem acrescentar joias ao mundo de sangue a correr
Nas veias da guerra a acontecer.
Estou Longe da guerra grande, rodeada de guerras pequenas
Que fazem sofrer, que fazem doer,
E uma palavra
Tantas palavras parecem conchas que abrem e fecham
Segundo o choque com que as ondas as colocam
No areal a arder.
A palavra parte porque está a chegar o cansaço.
Mas quando se levanta
é hora de a alvorada respirar o voo das aves, hora da flor se insurgir,
hora dos ramos das árvores respirarem ar são, depois da bala passar.
Todo o poema é um novo ramo cheio de alento no caminho da verdade
do novo vento a soprar,
elemento-ar a respirar-sem-cor-nem dor.
Escrevo para que a Vida-me-ajude-a-ACONTECER.
Minha Origem vem da tessitura indefinida do Mistério.
Apareci num lugar vago e selvagem onde havia um firmamento
de flores e ondas de areia
com luz brilhante pejada de constelações...
ESCREVO.
©Maria Elisa Ribeiro
MRÇ/2022
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