domingo, 21 de abril de 2024

POEMA:

 Poema :

E GOSTO DE TI...


É ainda o silêncio da manhã
E desse silêncio se solta já o nosso respirar
A dar nova dimensão ao novo dia.
Não choveu. Mas veio um orvalho regenerador
Que transformou rosas de pétalas vermelho- rubro
Em verdadeiro fogo-de-amor.


E GOSTO DE TI...


No silêncio entregámos as mãos e o corpo ao conforto
Da música infinda
Que nos corre nas veias como fogo infinito no ventre do coração.

Tudo se torna rumoroso no fervor que o fogo tem
Quando se partilha o que nos falta,
Com alguém a quem falta o amor que ainda não tem.

E pode suceder que, ao romper do dia, chegue às flores bravias
O fogo dos raios do sol, nítidos como o voo dos pássaros-em-cio
Meigamente enlaçados a viver um desvario.

E GOSTO DE TI...

Gosto tanto desta ferida que dói sem se sentir
Desta saudade que me invade sem se mover
Que me cansa no descanso
Que me falta quando a tenho.

Tímida, a floresta esconde-se no amarelo das giestas,
No lilás das urzes, no verde escuro das ervas,
No vento sagrado que abana o cão das humildes árvores,
E sacode as frestas onde repousam os grãos de vida.

De resto, tudo é silêncio...E EU GOSTO DE TI!

TUDO, excepto o desejo que lavra nossos corpos
Na distância percorrida por nossas suaves mãos...
TUDO, excepto a voz das palmeiras
perdidas pelo deserto
que protege os oásis ricos de tamareiras
corajosas
ao enfrentarem uma ESFINGE
morta em eternas escaldantes areias.


©Maria Elisa Ribeiro
Direitos reservados
JAN/2015
Pode ser um desenho

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