sexta-feira, 28 de abril de 2023

POEMA







 NO INTERVALO ENTRE O UM E O DOIS

tu eras a pessoa mais antiga de todas
as que conhecia
*eras a monotonia solitária de todo o eterno
que eu desconhecia.
por ti
vivia um tédio-vida que lembrava água cristalina
*a escorrer de uma fonte de pura-pedra
por onde eu bebia e saturava a sede ,
que não sabia que tinha.
e a pedra sisifica escorria anos demarcados
*na lisura forçada da força
com que meus olhos a sentia.
*ao redor,
a força da água deixava crescer musgos de boca aberta,
que ultrapassavam tudo o que me excluía.
*era eu-ao-Longe!
e o silêncio do voo dos insectos cortado pelo rumor das plúmulas das aves,
*adormecia-me em nuvens mais antigas
que as catedrais de Chartres e de Milão...
*e corriam, de fugida,
quanto tu afinal sabias,
perfeitamente,
*dos caminhos em que me percorrias.
meu Homem de tocar a revelação dos céus na minha Liberdade
da fartura de um corpo que não pede e nem precisa
*de pedir o que quer DAR.
se minha vida se transformar-em-ela-mesma
virás tu das alturas do antigo e do desconhecido
*para abraçar todas as antiguidades que já VIVI?
estarei ali entre dois algarismos, o UM e o DOIS,
para preencher o intervalo que nos separa
* e podermos chegar AO-ONDE seremos UMA-UNIDADE!
©Maria Elisa Ribeiro
2019-DIREITOS RESERVADOS

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