quarta-feira, 19 de abril de 2023

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 A princesa que veio de Inglaterra conquistou os portugueses. O casamento com o mestre de Avis representou uma nova dinastia na história de Portugal. D. Filipa deu ao reino filhos notáveis, trouxe novos hábitos para a corte e apoiou a expedição a Ceuta.

Depois de se fazer proclamar rei em cortes convocadas para Coimbra, D. João I precisava de ser reconhecido na Europa como o novo monarca português. O primeiro a fazê-lo de forma oficial foi o Papa de Roma, quando aprovou o matrimónio com a filha de João de Gante, neta do Rei Eduardo III de Inglaterra. O enlace servia assim para legitimar o reinado ainda frágil do mestre de Avis e para fortalecer os laços diplomáticos entre os dois países. A aliança gerou uma dinastia que se destacou na história de Portugal.

Filipa de Lencastre tinha 27 anos quando chegou a Lisboa para casar com o soberano português. Ninguém conhecia a princesa que vinha de Inglaterra, mas o povo recebeu-a calorosamente e aprovou o casamento que se realizou a 2 de fevereiro de 1387,  acontecimento festejado por todo o reino durante quinze dias. Acabara a crise da independência, morrera Leonor Teles, a rainha de má memória. Era tempo de celebrar e de acreditar nos novos tempos que o casal real prometia.

Chegada à corte portuguesa, D. Filipa não desiludiu. Com uma conduta moral irrepreensível, assegurou uma dinastia, estando quinze anos em sucessivos trabalhos de parto e, tal como D. Nuno Álvares Pereira, aconselhava o rei em assuntos de estado. A trégua de paz assinada com Castela em 1411 deveu-se muito à sua intervenção junto da irmã, D. Catarina, casada com o monarca espanhol. Mãe de ilustres filhos, que Luís de Camões designou como Ínclita Geração em “Os Lusíadas”, a rainha deu ainda o seu apoio à empresa da conquista da praça marroquina de Ceuta. Atingida pela peste, morreu poucos dias antes da expedição concretizada em 21 de agosto de 1415.

Neste artigo contamos a história de Filipa de Lencastre, a rainha que o cronista Fernão Lopes descrevia como sendo perfeita e a quem Fernando Pessoa chamou “Princesa do Santo Graal/ Humano ventre do Império/ Madrinha de Portugal”.

 

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