SE AO
MENOS...
…se ao
menos uma palavra iluminada soubesse
ensinar-me
o caminho…
…se as
flores não desmaiassem de cor perante
o brilho
quente do sol…
…se o
vento te fechasse na força
de um
abraço, contra meu peito…
…se teus
dedos soletrassem os meus sentidos, perdidos
no magma
de sulcos de lava…
…as
areias do mar, ao longe, perder-se-iam no canto
das
sereias prateadas…
...os
rios deslizariam por cima de seixos quentes, obstinados,
sempre
presentes na trajectória dos dias…
…o
orvalho sensual perdido nas folhas das árvores, escorreria ,
natural,
pela folha de papel onde me escondo-a- sentir
a fugaz,
pálida , luz do teu olhar, ao encontro do viver…
Oh, se
caminhássemos nesta bruma,
que
anuncia o dia
onde já
nos perdemos…
Talvez
tivéssemos mudado a mão do vento, que sufoca as árvores…
E outros
poderiam ter sido ser os rios, as montanhas, as florestas dos desertos
onde o
desalento e a erosão dão as mãos…
e
talvez, das nossas memórias se tivesse ausentado o esquecer-as-flores-rubras a
vicejar…
………………………………………………se
não tivéssemos sido pedra-arruinada-entre-ruínas,
………………………………………………talvez
o sangue continuasse a fluir no corpo dos cactos
……………………………………………..e
voltássemos a ouvir um piano no meio das águas,
……………………………………………..um
violino a dançar num céu de espumas esbranquiçadas,
……………………………………………..uma
sonata de amor num poema de noites exaustas….
©Maria
Elisa Ribeiro-
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direitos reservados-2021
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