"As minhas palavras têm memórias ____________das palavras com que me penso, e é sempre tenso _________o momento do mistério inquietante de me escrever"
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020
POEMA-DOR| REGºººººº!
Quem se importa com o frio das flores
quando, manhã cedo, ao acordarem, se queixam
vergadas ao peso do orvalho a da geada?
É que o frio não é só dele!
Pertence a todos…
…à cidade desagasalhada que adormece entre cartões …
…aos seres que dormem sob as pontes descarnadas
ou nas entradas dos prédios enregelados…
…e ainda nos frios bancos dos desamparados e desconfortáveis jardins...
O frio das flores não nos vem, sequer, à cabeça!
Mas temos o dever de nisso pensar para gritarmos
contra os desmandos e desigualdades sociais de quem caminha,
às cegas, pelas ruas e alamedas, sem que um fio de luz
lhes cresça na infância e lhes ilumine os passos-para-a-frente,
ao brilharem as estrelas e ao raiar a lua.
Olhos opacos não vêem (sob a luz mortiça da dor
das vidas desamparadas),
as infâncias-já-crescidas nas almas friamente adormentadas…
…esquecidas…
flores sem cor,
flores sem abrigo,
flores sem paz,
repousam nos olhos marejados e inquietos da fome
da guerra e da carnificina atroz…
Oh, Iémen…oh, Iraque…oh, Irão…
Oh, Mundo da ferocidade animalesca da falta de Sol e de Luz para agasalhar infâncias…
Maria Elisa Ribeiro
Fev/019
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