sexta-feira, 2 de junho de 2017

POEMA(Obra Regª)











Poema

POEMA: COROLA


Na corola de uma primavera me deito
e…naufrago no odor afrodisíaco do cheiro que
uma abelha suga…
O sol cintila em meus olhos…
Fecho-os para lho devolver no perfume brilhante
do meu Ser…
Por detrás das pálpebras, fica um certo luar
que ajuda a recordar o céu alaranjado por sobre o mar
onde anémonas a flutuar, descansam em meu pensamento…
Agito meus braços, tornando-os tentáculos que desejam
apanhar nuvens desprevenidas que rastejam pelo ar ,
como serpentes estendidas, prontas para te agarrar…

Vibro na leve plumagem eriçada das pétalas
da minha corola…

Tento dominar as minhas esperanças
-lanças-de-pontas-apontadas-ao-meu-sentir,
excitadas no charme do meu vestido-luar…
À minha volta, um verde atrevido cobre o campo
que rodeia o meu-ninho-corola…
…e trepadeiras selvagens estendem-se , lânguidas,
ao longo da primavera-meu –leito…
…e chega a música da terra a rebentar…
…e oiço sinfonias telúricas de pura magia
a saudar a vida-meu-longo-dia…

E não! nunca me deste uma flor! nunca me fizeste os mimos
que as borboletas ensaiam nas suas danças de amor!
Vêm-me ao pensamento as mensagens que me não mandas…
…silêncio-calafrio-dorido-constante…ingente!

E …quanto menos me importa mais me importa, afinal!
Chovem –me no âmago faltas de rosas…antúrios…flores-de lótus…
É uma chuva que alegra a relva, que te apanha na Primavera,
onde urtigas e urzes acenam aos tempos,
perante os quais as árvores se inclinam!

Vespas insolentes zumbem-me , indolentemente, no
ar suculento dos sumos da minha-corola-primavera…

Mas,
minhas noites são sós e límpidas,
inundadas de soturnas expectativas.
Cheiram-me a sono…
Cheiram-me à falta de um beijo ao adormecer…
Cheiram-me a pequenas-grandes-coisas- que –me-é-proibido- ter…
Recolho a minha corola…e as pétalas que vão murchar…

Como é nostálgico o Universo do Entardecer…

JAN/013
Maria Elisa Ribeiro —

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