sexta-feira, 23 de junho de 2017

A Poesia de Yannis Ritsos




11 outubro, 2008

Os Modelos - Yannis Ritsos

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Não esqueçamos nunca - disse - as boas lições, aquelas
da arte dos Gregos. Sempre o celeste lado a lado
com o quotidiano. Ao lado do homem, o animal e a coisa —
uma pulseira no braço da deusa nua; uma flor
caída no chão. Recordai as formosas representações
nos nossos vasos de barro — os deuses com os pássaros e com outros animais,
e juntamente a lira, um martelo, uma maçã, a arca, as tenazes;
ah! e aquele poema em que o deus, ao terminar o trabalho,
retira o fole de junto do fogo, recolhe uma a uma as ferramentas
dentro da arca de prata; depois, com uma esponja, limpa
o rosto, as mãos, o pescoço nervudo, o peito peludo.
Assim, limpo, bem arranjado, sai à tardinha, apoiado
nos ombros de efebos todos de oiro — trabalhos de suas mãos
que têm força, e pensamento, e voz; — sai para a rua,
mais magnífico que todos, o deus coxo, o deus operário.
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Giánnis Ritsos, "IX- Repetições", in Antologia. Selecção, trad. e prefácio de Custódio Magueijo. Coimbra: Fora de Texto, 1993, p. 106.
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com Abraço da mt

Publicado por Casa Museu João de Deus...

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