Poema
POEMA
NO OMBRO DA NOITE
É num cobertor de musgo, que as velhas pedras
se agasalham, nos outonos.
Os solos bebem todas as águas que já caíram
e o vento, louco, bate contra todos os muros que,
contra ele ,o homem levanta.
É hora. Deito-me. Penso-me.
No leito, minha boca fechada só é capaz de dizer
palavras como saudade…solidão…silêncio…ansiedade…
Não me visita, sequer, a tua sombra,
quando aqui não estás…
E o vento é de uma insolência feroz…
… bate à janela
de contínuo, a lembrar a tua voz, quando do monte descias,
em alegres correrias, feliz, carente, veloz.
A lua repousa no ombro da noite…melancólica, sem vontade
de misturar-se com o vento, na sua tremenda voz.
Os meus ombros, esses estão sós…a minha boca está só…
… meu peito nem sente as mãos da noite diferente…
…diferente como um castigo, que o céu dá a um penitente.
As palavras continuam a crescer e a aparecer-me, ao longo dos anos.
Sou forçada a dormir com elas, porque não fogem de mim…
Mas, se pudesse… se me deixassem… afastava-me eu delas…
Só assim conseguiria, não me recordar de ti…
Maria Elisa Ribeiro
NOV/015
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