quinta-feira, 16 de junho de 2011

POEMA: MOINHO SEM TRIGO…

Instalei-me na noite
faminta dos beijos da aragem fresca
que mata a sede no teu sussurrar.
Revolteia a água do mar
estendendo-se na sensualidade da areia, a sonhar.

O coração da madrugada
anuncia a alvorada do amanhecer
levando para longe as sereias,
de cauda dourada…

Dormem as andorinhas
no ninho-lar do procriar.
Gemem as ondas que testemunharam
a magia do teu olhar.

Um farol guia-me no deambular esguio
entre pedras e penedos do meu medo
no vazio…
E é luz que alenta…em que confio
quando sinto que a noite se torna dia…
…que o medo traz alegria
aos rios distantes que são aves esvoaçantes…
…às árvores secas que se tornam ramagens verdes…
…aos velhos barcos perdidos num canto do areal
que ganham vida
e são ,de novo, caravela erguida
ao reencontro do sonho!

Morro um pouco ao lamentar
o que não pude viver…
…ou não soube aceitar
o que disse , a ciciar.

Vida! Eterna verdade-mentira!
Eu tento!
Esforço-me por fugir ao real doloroso e monótono
da mentira, astuta, viva…
Fica-me a verdade, que é triste
enquanto consciência esculpida
em olhares mortos de sensações,
sabedoras do efeito das ilusões.

Vai crescendo o musgo
nos telhados da esperança…
Os tijolos vão caindo
das paredes dos seios das lembranças…
Voando, vão as flores murchas
ao som do tempo que destrói milagres…

Minha desanimada POESIA!

Pedalo mais forte no meu percorrer
o caminho ,
que se esvai, como areia em pó ,levada pelo vento,
para um deserto onde florescem rosas rubras…

Rio e choro do meu rir e do meu chorar!

Quão difícil é acreditar!
Quão tormentoso é não ver !

E acabo por me sentir um moinho sem trigo para moer
tentando resistir ao vento, que a mó faz mover!
Meus seios cobrem-me o coração…

Comigo…a sombra da solidão…

C11L-(ert)-88/JNH/011

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