O TECTO DO MUNDO
*Tudo se altera neste caminho sem rumo
Que é o nosso deambular pelos fumos da estrada da memória.
Casas ambulantes, mudamos de lugar enquanto sob os nossos pés,
Tanto de Antes como do Presente momento.
Somos, por conseguinte, polivalentes e flexíveis.
Respondemos e adaptamo-nos a todos os nossos pensamentos.
*Um silêncio especial voa na música da linguagem
Que a montanha discute com o mar,
em tons de espuma
Verde-cinzento-azulado, que se instalou sob a caruma a envelhecer.
Tudo submerge na noite sob os nossos olhos,
para depois aparecer radiante
na ponta dos dedos,
que anseiam por escrever.
Escrever é VIVER!
Acontece ,por vezes, a sombra de um poema querer passear altiva
pelo labirinto público das Ideias
até aparecer ,madura, no emaranhado das teias.
Olho o tecto do mundo e leio em voz alta-comigo:
*Tu nada podias ouvir pois não encontraste uma lua para me dar
enquanto dormias no tecto do mundo que, afinal, nem sequer é um céu.
*E assim é-me dado ver que a alma é uma pintura cubista, rica em ásperas
e oblíquas arestas, feridas pelas intersecções das realidades- irreais de sons
de revolta,
cujos traços se projectam a existir nos montes de palavras-verdade
que escondo dentro de mim.
*Minha alma passeia-se pelas encruzilhadas de mim.
Diz-me a Poesia, que sempre será assim. Pede-me a Alma que sorria, pois que
o sorriso é muito mais que uma sintonia
entre os perfeitos músculos da face.
É música que não se ouve e ecoa em pura alegria.
©Maria Elisa Ribeiro
AGOST/2022
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