quarta-feira, 13 de novembro de 2024

POEMA:








 POEMA:

MONTE DOS MEUS VENDAVAIS...
Há sempre mais luz e sol brilhante
quando a poesia se esguia, furtiva e serena,
pela ponta dos dedos a escorrer pela pena.
Há sempre calçadas pisadas, doridas,
quando a poesia goteja mensagem
no corpo do lexema-coragem.
Há sempre o calor que brota do teu sorriso,
nascimento e percurso da alegria do meu viso.
Porta de entrada nos teus enigmas,
esse riso anelante leva-me a sonhos proibidos
que me circulam no sangue,
em mistérios nas veias escondidos…
Há sempre o gemido de uma flor
que se verga ao teu odor…
e altera o equilíbrio do mundo
nas linhas de um papel
onde nasce uma poesia
que vive do teu sabor…

Meu monte dos vendavais semeia letras a esmo na policromia da aragem…
Trampolins de sensações,
é com elas que escrevo nas ondas das emoções
do pestanejar do passar das estações!
E há ecos dos meus gritos ao vento no monte dos ais…
Há flores agrestes difusas nas ervas selvagens…
Há giestas silvestres, urzes cheirosas, jasmins atrevidos
que me roçam os pés,
com a força das aragens!
Esvoaçam pássaros coloridos batendo as asas, quase sem ruídos.
As folhas das árvores vergam-se às brisas frondosas
que sugam o orvalho das pétalas de rosas.
Ao longe,
o mar desperta
afastando as ondas
em voltas furibundas…

Na escultura do teu sono…o desalinho do abandono!
Cansada de esperar,
morre a chama da velha lareira…
Soltam-se as cinzas pela clareira,
levadas pelo vento
na serra altaneira…
Há desafios de desvelos que teimam em permanecer
nas letras que passo nos dedos, pelos teus cabelos a embranquecer...
Maria Elisa Ribeiro -Portugal
Out/017-

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