Pintura "A sesta", de Almada Negreiros
RASTOS DE FOGO
Um espasmo de
luz...uma faúlha...um fogo...
desejos perdidos
nas águas que o mar
seduz,
na lava tremenda de um
rabugento vulcão.
Sonhos que doem se os
invoco,
quando os evoco
em lavas orgulhosas e
ardentes.
Passaram os tempos.
Os rouxinóis ficaram exaustos
de tanto cantarem
momentos do corpo,
em cios-de-vida a
perderem penas e a rebentarem de luz.
Meu-sol-amante, língua
de lume na minha pele!
Meu-mar-amante, língua
de água a roubar-me o sol!
Na palma da mão que me
segura a alma
há sangue sentido a
pulsar.
(a pulsar roubando-lhe
a calma)
Os botões da blusa,
desabotoados, cabem-te na vida da mão.
(na vida da mão,
que passeia pelas franjas de espuma sobre os
meus ombros).
Mas ausentaste-te como
rosa do deserto
e os botões voaram
para lá do nosso Universo.
(Nosso Universo...)
Onírica sensação, este
sentir rastos de fogo
que o mar apagou
com um só safanão de
ondas,
sem compaixão...
©Maria Elisa Ribeiro
Direitos reservados
Jlh/2021
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