quarta-feira, 13 de abril de 2022

POEMA

 




Pintura "A sesta", de Almada Negreiros


 RASTOS DE FOGO

 

Um espasmo de luz...uma faúlha...um fogo...

desejos perdidos

nas águas que o mar seduz,

na lava tremenda de um rabugento vulcão.

 

Sonhos que doem se os invoco,

quando os evoco

em lavas orgulhosas e ardentes.

 

Passaram os tempos.

Os rouxinóis ficaram exaustos

de tanto cantarem momentos do corpo,

em cios-de-vida a perderem penas e a rebentarem de luz.

 

Meu-sol-amante, língua de lume na minha pele!

Meu-mar-amante, língua de água a roubar-me o sol!

Na palma da mão que me segura a alma

há sangue sentido a pulsar.

 

(a pulsar roubando-lhe a calma)

 

Os botões da blusa, desabotoados, cabem-te na vida da mão.

(na vida da mão,

 que passeia pelas franjas de espuma sobre os meus ombros).

Mas ausentaste-te como rosa do deserto

e os botões voaram para lá do nosso Universo.

 

(Nosso Universo...)

 

Onírica sensação, este sentir rastos de fogo

que o mar apagou

com um só safanão de ondas,

sem compaixão...

 

 

©Maria Elisa Ribeiro

Direitos reservados

Jlh/2021

 

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