segunda-feira, 18 de abril de 2022

POEMA: EU SEI

 POEMA:

EU SEI
Vira-se o peito para dentro das memórias e escava-lhes as ruínas.
Eu sei…
…sei que amo e não amo, que rio e que choro, que me ilumina o sol
e me inundam as sombras.
Não valho um centímetro da realidade da história!
Passo a vida na ponta de uma caneta
suspensa de uma palavra, por onde perpassa a imagem do mundo
em todos os seus reflexos.
Assumo-me mulher livre
capaz de guardar ou recusar as palavras escritas
por mim e por outros!
Eu sei…
No silêncio da escrita ardem fábulas tranquilas____________________________
___________plantas -pássaros_________________________________________
__________________estátuas nuas-mármore [morto]_______________________
__________________________mar parado-desnorte das [ilhas]_______________
___________memórias de ruínas…
Eu sei…
Chora o Atlântico…
…lágrimas que não viu , nem sentiu, nos poemas de Camões…
Então…
escrevo a chama e o fogo da luz,
a metáfora do deslizar caminhante dos barcos
a ruminarem ondas do tramonto
e os violinos inchados de música-grávida-de-mitos.
Vivo na humanidade, que as palavras me roubam!
Toco-lhes na alma, que sai de mim!
Depois…
______creio nos leões e nas gazelas dos desertos desfeitos
_________em amendoeiras floridas,
____________em amoras silvestres sumidas num vinho forte
_______________de tâmaras-gordas-bojudas
____________________a maturar outras vidas, nos amores de
Al-mu-'Tamid .
Maria Elisa Ribeiro
Março/014 —
Pode ser uma ilustração
Susana Duarte
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