sexta-feira, 25 de março de 2022

 

O escritor italiano Antonio Tabucchi (Vecchiano, 24 de Setembro de 1943 - Lisboa, 25 de Março de 2012) morreu há 10 anos.
Professor de Língua e Literatura Portuguesas na Universidade de Siena, Tabucchi tinha uma longa ligação com Portugal (desde 2004 já até com nacionalidade portuguesa) e era considerado um dos maiores nomes da literatura europeia.
Hoje sobejamente esquecido, até na sua Itália natal, foi autor de livros multi-premiados e best-seller como “Afirma Pereira” (1994), obra que foi adaptada ao cinema, com Marcello Mastroianni no papel principal. O livro “Afirma Pereira", um romance político sobre um jornalista português em finais da década de 1930, alheado da ditadura salazarista, valeu a Tabucchi dois prémios italianos – Via Reggio e Campiello – e o prémio internacional Jean Monet.
Nascido em Pisa, em 1943, cresceu numa pequena povoação próxima daquela cidade. Filho de um comerciante de cavalos, estudou línguas e filosofia, antes de decidir viajar pela Europa. Em Paris, na Sorbonne, descobriu, traduzida para francês, uma colectânea de poemas de Fernando Pessoa, por cuja obra se apaixonou, decidindo mesmo estudar português para melhor compreender o nosso escritor.
Tabuchi conhecia Portugal desde os 22 anos e considerava-o o seu "país de adopção". Foi autor de vários ensaios sobre a obra de Pessoa e, com a sua mulher, Maria José de Lancastre, traduziu e dirigiu a edição italiana dos textos do autor, da poesia à prosa, assinando também a primeira tradução italiana do “Livro do Desassossego”, em 1986.
Na sua vasta obra, Antonio Tabucchi deixou-se seduzir muitas vezes pelo legado pessoano, nomeadamente compondo a clássica antologia “Pessoana Mínima” (INCM, Lisboa, 1987); o livro de ensaios Un Baule pieno di gente. Scritti su Fernando Pessoa (Feltrinelli, Milão, 1990); e a peça de teatro “Os últimos três dias de Fernando Pessoa” (Sellerio, Palermo, 1994).
Em 1991, escreveu (directamente em português) o romance "Requiem. Uma alucinação", cuja acção se passa em Lisboa e no qual um autor italiano se encontra com o espírito de um poeta português já morto. Este romance é uma homenagem a Lisboa, a Portugal, a Saramago e – obviamente - a Fernando Pessoa, que se presume ser “O Convidado” que surge no romance.
Antonio Tabucchi foi “O” embaixador por excelência da cultura portuguesa em Itália, mas também em França. Ali publicou na mítica editora Christian Bourgois, que editou os seus livros em França e que começou a editar também a obra de Fernando Pessoa, no final da década de 1980.
A 7 de Abril de 1989, a Presidência da República de Portugal outorgou-lhe o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique; e nesse mesmo ano o governo francês deu a Tabucchi o título de Chevalier des Arts et des Lettres. O autor escrevia regularmente na imprensa e era um acérrimo defensor da liberdade de expressão.
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