POEMA: VAZIO
VAZIO…
Ao pôr-do-sol de verão, as noites são avermelhadas…
Sento-me, então, sobre um penedo marinho…
…daqueles que olham, de frente, o mar, com a coragem
da consciência medular.
Alongo a vista pelo oceano vazio e tranquilo
à procura do horizonte
diluído na atmosfera do elemento-mistério!
Lentamente, como sombra hirta e solene, vai surgindo a noite
Deixando para trás o sol adormecido, no seu percurso astral.
Leves nuvens de fogo-algodão-condensado
sobrevoam meu- céu- farrapo…
Das brumas da minha memória, vejo que estamos sós…
… a solidão, o silêncio e eu.
Aproximou-se, ainda, uma sensação de vazio pessoal
a dominar o meu mundo místico-emocional.
Como posso meditar, nesta contemplação do mundo imortal?
Posso, ao menos, não pensar?
E que pode ensinar-me este cheiro da génese do mundo, o mar,
alegremente estendido num colchão do areal?
Meus ombros vivem a falta de teus braços,
que comungavam de meus sucessos e fracassos…
Falta-me o olhar penetrante, com que vias o que eu não podia ver.
Eras o complemento da vida, ao começar o acabar do dia!
Ali, atrás de nós, a areia sentiu-nos…viu-nos…e calou-se!
Não se revolta, portanto, com a tua falta…
Depois de nós, perdeu a alma…
…esqueceu a sensação do nosso corpo deitado,
em erupção de sensações adormecidas…
---------------------OH Vida! Vazio do meu dia!--------------------
Maria Elisa Ribeiro- Portugal
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