quarta-feira, 28 de março de 2018

Obra REGªªªªªªª!!!!!!!!!!















Poema

VOO DA PALAVRA

O enigma dos poentes teima em se fazer ouvir,
sempre que o ruído do corpo-em-ebulição
passa pelos dedos…
insurrectos, insubmissos,
a gemer, desnudos e inquietos.

Pequenas coisas com que não me preocupo,
vão dormindo…
…o sabor de limão na boca…
…o barulho das ondas revoltas, como corpo em ebulição…
…a fadiga dos dias de Verão
(que deve voltar ou não…)
…o rumor da fruta a amadurecer…
…o claro dos céus-a-fugir na tardia maré dos orvalhos-a-cair…

Minhas mãos, despudoradas, palpam a maciez da rosa vermelho-fogo
que te pousa na face,
e sentem rubras notas da música do Universo,
em alvoroço.

Desnudas,
na suavidade do tempo indomável,
elas rangem, elas tremem,
estão por todos os lados onde teu corpo possa estar…
avançam e acariciam arquitecturas ousadas, perdidas, a divagar…

Nada mais importa,
desde que o sol surja a rasgar os solavancos
das nuvens, no cinzento da noite escura
que pode perdurar-no-amanhecer.

Importa, isso sim, que o poema persista em te trazer
no voo da Palavra,
até à Poesia que acabaremos por escrever.

Maria Elisa Ribeiro
JAN/016

Sem comentários:

Enviar um comentário