segunda-feira, 9 de abril de 2012

(ARTIGO SEM NOME…)

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DE TUDO, UM POUCO…
(ARTIGO SEM NOME…)

É com toda a frontalidade, que assumo, hoje, perante os meus amigos leitores ter dificuldade em dar um título ao artigo; daí, não advém nenhum mal ao mundo…até porque me permite vaguear por muitas “estradas”…onde até pode haver “jagunços”… (já vos explico, tenham paciência!)
E decidi que não dou mesmo um título!
Comecemos pelos “caminhos ínvios “do lexema DEMOCRACIA. Como todos sabemos, a palavra vem do grego “DEMOS”, que significa, “lato sensu”, POVO. Em democracia é o povo quem detém o poder soberano sobre os poderes legislativo e executivo. Deveria ser assim…mas os poderes modernos, principalmente a partir de finais do século XIX, subverteram em seu favor e transformaram, radicalmente, a ideia, de modo a servirem-se dela sem terem que servir o povo!
Ora, a democracia sujeita os governos ao Estado de Direito; assegura aos cidadãos, por conseguinte, uma série de benefícios que, se atentarmos no que se passa, de há sete anos a esta parte, em Portugal, somos forçados a admitir que os políticos imaginativos o não fazem, tendo virado a noção e o princípio do conceito “de pernas para o ar”, de tal modo que vamos vendo, no dia-a-dia, o desastre em que o país se tem afundado, cada vez mais inexoravelmente. Dado que, naturalmente, em democracia, as eleições não podem ser fachadas atrás das quais se escondem, quer os ditadores, quer o partido único, entende-se que tem de haver verdadeira competição pelo apoio ao povo, às suas necessidades, ao seu bem-estar e à sua dignidade humana…o que não existe, entre nós. Continuo a ser uma aprendiza destas coisas, destas realidades que me suscitam pensamentos.
Noto, apesar da minha ignorância, que no meu país “ a democracia é um império em triste decadência”.
Há dias, logo a seguir à manifestação e à greve, promovidas pela CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores portugueses) vi, no FACEBOOK , numa página particular, a publicação de uma restrita fotografia do evento, numa qualquer cidade do país. No sítio “comentar”, o dono dessa página, no pleno uso dos seus direitos, escreveu um adjectivo transformado em substantivo e vice-versa, que feriu a minha sensibilidade por ser feio, pesado, pejorativo no confronto das ideias e ideais das outras pessoas que vivem, como ele, num estado de direito: ”jagunços…” assim…com reticências…
As reticências são importantes para mim, como Professora de Português…Definem estados de espírito, suspendem ideias, caracterizam uma personagem e podem dizer o impensável…
Acontece que eu também estive numa dessas manifestações de carácter de revolta popular, onde estavam pobres, velhos, novos, estudantes, doutores, desempregados, trabalhadores, precários a recibo, indignados com o estado lastimoso a que chegou o nosso país nas mãos de desgovernantes que já não sabem o que dizem, nem o que hão-de dizer, pois não há palavras para caracterizar este “estado de doença” em que temos vindo a viver, desde que tivemos eleições.
SOU JAGUNÇA! SIM…PORQUE ESTIVE NA MANIFESTAÇÃO CONTRA A MISÉRIA, A PRECARIDADE DE EMPREGOS E DE DIREITOS, A INDEFINIÇÃO DE POLÍTICAS QUE LEVEM O NOSSO POVO A VER QUE VALE A PENA TUDO O QUE ESTÁ A PASSAR!
Estive lá com honra e com toda a dignidade, porque pensei no futuro dos meus filhos, dos meus netos, dos trabalhadores que não sabem se terão reformas dignas-ou até, se as terão- , em qualquer circunstância, se atendermos a que o país está a ser vendido aos bocados, sem dignidade nem orgulho nacional a chineses, angolanos, árabes, brasileiros, coelhos, galinhas, relvas e jardins…ou seja: está na imundície do desespero das interrogações legítimas! Conto que o dono desta palavra rancorosa, detestável e suja, tenha a sua reforma ou o seu emprego, assegurados, quanto mais não for, pelos donos do governo! que só podem ser os do seu partido, mais que escaqueirado, a fazer fé nas palavras de alguns militantes do mesmo…
Caminhamos, a passos largos, para um novo dia de comemorações da História recente do meu país: o aniversário do “25 de Abril de 1974”. Sem querer enveredar por “filosofias”, sei que a maior parte da população está desiludida com a HISTÓRIA! EU TAMBÉM, em muitos aspectos. Não é preciso fazermos de conta que o povo está feliz! Sabemos que não…Mas pensemos que, se a chamada “Revolução dos cravos” se apagou, foi também por culpa de cada um de nós que pensámos que tudo estava resolvido e que vinha aí o céu! Virámos as costas às realidades perpetradas pelos sucessivos governos, adormecemos nos ideais de Abril e, nas nossas costas, bem por baixo dos nossos olhos, os mais espertos foram-se “ amanhando”, tão bem, que desbancaram o país!
Hoje, a coberto da democracia, o novo velho governo toma medidas sem sentido…O Presidente cala-se, porque já teria tomado muitas medidas do governo de hoje, se lhe tivessem permitido, quando foi primeiro-ministro! O primeiro -ministro de agora, hoje diz uma coisa e amanhã diz outra, esperando pela inspiração nocturna para voltar a dizer e a desdizer… Nós não podemos dar um passo que temos de pagar “meias solas” a toda a hora e momento…esperamos durante o dia, com ansiedade, pois sabemos que o cérebro dos doentes da TROIKA podem ter tristes ideias mais logo… saímos e sabemos logo de novo aumento nos combustíveis, no leite, nas batatas, na sardinha e no atum…ou pensamos em sair e nesse intervalo sobem, novamente, os combustíveis e vai abaixo mais um hospital, uma maternidade, um tribunal, etc
Não é verdade “que não há machado que corte a raiz ao pensamento”? Permitiremos, nós todos, jagunços ou homens bons, que nos decepem as Esperanças, à martelada?
Na minha frente, um cartaz de ABRIL…tem impressa a figura de uma menina, com um ar tão feliz que me custa dizer-lhe a verdade primordial, a verdade sobre o emprego que não tem ou sobre o desemprego que já tem, a verdade sobre uma sociedade ético/social onde o direito à saúde, à justiça, à segurança, à educação não são a realidade prevista mas o pesadelo das bactérias de que o país está coberto…Ela desconhecia que tinha tantos sonhos que se tornaram pesadelos! Eu desconhecia, também…porque nós, os mais velhos, ainda tínhamos a boca a saber a ditadura de 48 anos…ainda não sabíamos como se podia falar sem ser levado, altas horas da noite, para os calabouços da PIDE-DGS…ainda tínhamos no coração o sabor a latifúndio feudal dos suseranos do século XX…Sabíamo-lo, nós todos, que estudámos calçados de sandálias de sola-pneu, molhados das viagens a pé ou de bicicleta para os colégios que nos aceitavam se fôssemos capazes, mesmo que pobres…
Lembram-se destas coisas, leitores da minha idade, que as vivestes como eu…ou parecido…
Aprendemos que o 5 de Outubro era um dia nacional…que o 1º de Dezembro era o dia da dignidade da Independência, pois país que não honre a sua independência, não devia existir!
Falámos, por aí, de DEMOCRACIA; mas, afinal, o que é essa democracia? A tal qualidade da sociedade que não nos assegurou a perene bebedeira de direitos, empunhados num cravo vermelho, na ponta de uma espingarda que não troou, ao lado de um soldado de honra, chamado Salgueiro Maia?
O escritor-filósofo JACQUES DERRIDA disserta, em várias obras de sua autoria, em torno dessa noção que envolve o mundo em obras de cunhos político/ético e também em Literatura discursiva, que se deve estender a noção de democracia à ARTE, À RELIGIÃO, À PSICANÁLISE, À MÚSICA E AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, para além dos direitos individuais do ser humano.
Plenamente de acordo, acho tão vasto o seu pensar que procurei, das obras que li, reter uma ideia fulcral de tantos “pensares” sobre o assunto; deduzi que, afinal estamos sempre à espera da Democracia como de “alguém que nunca prometeu vir”…por isso, “ainda não chegou”…

Termino, leitores, com esta minha verdade: a nossa Democracia, que vemos a desaparecer, lentamente, dos nossos horizontes dourados, deveria estar ligada à ÉTICA e à VERDADE, no amor pelas causas públicas.
Até sempre!

Mealhada, 9 de ABRIL de 2012
Maria Elisa Rodrigues Ribeiro
Email: maria.elisa.ribeiro@iol.pt
Blog lusibero://blogspot.com

4 comentários:

  1. A Democracia ...casou com Dom Sebastião e...não voltaram!!
    Beijo minha querida!
    Graça

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  2. Não sei, por aí, a quantas andam a Democracia...
    Mas por aqui, continua sendo um regime de governo onde o mais forte faz o que quer, e dá o direito ao mais fraco de reclamar...

    Bjos
    Tácito.

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  3. Gracinha: é bem verdade, mas podes crer que as coisas estão bem piores e eu creio que o que eles estão a fazer é ,de certeza, porque querem pedir mais dinheiro à TROIKA!
    Beijinho, querida.

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  4. Tácito: tenho muito gosto em "ouvi-lo".
    Como pode ver por meus artigos, que saem também no jornal online (www.jornaldamealhada.com) a verdade é a mesma! Mas nós estamos bem pior, pode crer...leia bem e acredite que nada do que eu digo é exagero.
    Um abraço

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