segunda-feira, 25 de julho de 2011

POEMA: CRUZ DE FÉ

Fascina-me o silêncio da igreja silenciosa,

fora dos dias de peregrinação habitual…



Medito sem pensar,

sempre que entro e me sento…

simplesmente a olhar…



E sinto que Alguém me vê…

Está lá em cima, no altar, em pé,

numa enorme cruz- simbólica-!

que desafia estudos da semiótica.



É um crucifixo enorme!



Nele dorme, não dormindo,

o Deus a quem confesso-sem falar!

os meus medos mais prementes

e as dúvidas angustiadas do ser,

que sente ser nada…no ir existindo…



Dentro de mim, angústias sem fim

provocam lágrimas mudas,

que deslizam, espontâneas,

ante a grandeza da dor de uma

história de amor…

…pelo Homem!



Comovo-me.



E digo que me falta a Fé…

Mas aqui estou, sentada de pé,

quase pedindo a força de uma maré…

…maré de crenças tão descrentes,

que sem eu por isso dar,

me oiço a pronunciar: ”Avé Maria, cheia de graça…”



Perto da cruz, que deslumbra e seduz,

um padre velhinho e magro ilumina aquele espaço

onde eu quereria estar num ambiente mais baço,

mais de acordo com minh’alma,

nesta calma dos sinos que tocam…

dos anjos que me confortam…

do Deus que vê e se importa ,com o meu pequeno ser- nada…

com meu espírito angustiado…

com a luz que se acende e que não sinto esbater-se

numa parede interior…



Que grande cruz, Senhor, puseste na minha vida!

Sabias que sou imperfeita, que sou Apóstolo Tomé…

que preciso de Te ouvir para conhecer a Fé!

…e Tu não falas, não olhas, mesmo vendo as dúvidas atrozes…



Caio em mim!



Sinto-Te a meu lado…

…constante afirmação

de uma presença- ausente

na vida que me tens dado…



E dou por mim a balbuciar, sem sequer a boca abrir-------------

“Pai nosso, que estás no céu…”





R-C11L-(MSTs)-87/ Maio/011

Marilisa Ribeiro

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